Apesar do impacto da guerra na Ucrânia, da escalada dos preços, da subida dos juros e da travagem da economia portuguesa - medida pelo crescimento do Produto Interno Bruto - o desemprego voltou a recuar em Portugal no segundo trimestre deste ano, baixando mesmo da fasquia dos 6%.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira, a taxa de desemprego diminuiu para 5,7%, valor inferior em 0,2 pontos percentuais (p.p.) ao dos primeiros três meses deste ano e 1 p.p. abaixo do segundo trimestre de 2021.
Mais ainda, é o valor mais baixo em Portugal desde, pelo menos, 2011, ano em que começa a atual série de dados do INE. Apenas no segundo trimestre de 2020 se registou precisamente esse valor, mas que se encontrava distorcido pelos efeitos do primeiro confinamento geral do país para travar a pandemia de covid-19.
Recorde-se que os dados mensais publicados pelo INE apontavam para uma ligeira subida da taxa de desemprego entre abril e junho, de 5,9%, para 6,1%. Contudo, esses dados são ajustados do impacto da sazonalidade, o que não acontece no caso dos dados trimestrais.
Uma diferença que ajuda a explicar porque os dados trimestrais, agora publicados, são inferiores. Isto porque a sazonalidade joga tradicionalmente a favor do mercado de trabalho português no segundo trimestre de cada ano, por causa das contratações para a época alta do turismo - que regista uma forte recuperação e pode ultrapassar este Verão o patamar de 2019, antes da crise pandémica - e da agricultura.
Também a taxa de desemprego jovem (16 anos a 24 anos) recuou no segundo trimestre deste ano, para os 16,7%, estima o INE. Um valor inferior em 3,9 p.p. ao do trimestre anterior e em 7 p.p. ao do trimestre homólogo.
No total, o INE estima em 298,8 mil as pessoas desempregadas em Portugal no segundo trimestre, o que significa uma redução de 3,1% (menos 9,6 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e uma queda de 13,6% (menos 46,9 mil pessoas) na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
O INE refere, contudo, que no segundo trimestre de 2022, 50,9% da população desempregada se encontravam nesta condição há 12 ou mais meses, ou seja, eram desempregados de longa duração. Um valor superior em 4,7 p.p. ao dos primeiros três meses do ano e em 6,2 p.p. ao do segundo trimestre de 2021.
Números que sinalizam que mais de metade das pessoas que se encontravam desempregadas no país tinham dificuldades em regressar ao mercado de trabalho, já que se encontravam no desemprego há pelo menos um ano.
Quanto ao emprego, o número de pessoas com trabalho em Portugal no segundo trimestre situou-se em 4,9018 milhões, segundo o INE, e "manteve-se praticamente inalterado em relação ao trimestre anterior", Já na comparação homóloga registou-se um aumento de 1,9% (mais 91,3 mil pessoas).
Somando empregados e desempregados, chegamos à população ativa, que foi estimada pelo INE em 5,2006 milhões de pessoas no segundo trimestre. Verificou-se uma ligeira diminuição de 0,2% (menos 8,7 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, mas um aumento de 0,9% (mais 44,4 mil pessoas) na comparação com o segundo trimestre de 2021.
Nota ainda para o recuo da taxa de subutilização do trabalho, que mede o desemprego em sentido lato, já que considera além das pessoas classificadas como desempregadas pelo INE (seguindo os critérios da Organização Internacional do Trabalho), também os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente emprego, e os inativos que procuraram um posto de trabalho mas não estavam disponíveis no imediato para ocupar uma vaga.
Esta taxa foi estimada pelo INE em 11,2%, diminuindo tanto em relação ao trimestre anterior (menos 0,3 p.p.) como ao homólogo (menos 1,1 p.p.).
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes