O lucro consolidado da Caixa Geral de Depósitos (CGD) atingiu os 486 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com os 294 milhões de euros que tinha alcançado no mesmo período do ano anterior. É um crescimento de 65% do resultado líquido obtido aquele que foi divulgado esta sexta-feira, 29 de julho, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). É, também, o resultado líquido mais elevado desde 2007.
A grande justificação para estes resultados é, sobretudo, a reversão de provisões e imparidades, que deram um impulso de 230 milhões de euros quando, no ano passado, tinham retirado cerca de 100 milhões aos resultados. Tal correspondeu “a uma redução parcial dos níveis de imparidades adicionais constituídos em contexto de pandemia entre 2020 e 2021”, bem como o alívio na provisão associada ao plano de pré-reformas no banco, que, sendo utilizada, levou a um agravamento dos custos com pessoal.
“Excluindo os eventos não recorrentes registados em 2021, com relevo nos custos com pessoal, e em 2022 com a alienação de vários imóveis non core, o incremento de resultado é de 221 milhões de euros para 443 milhões de euros, o equivalente a um ROE [retorno sobre o capital próprio] de 10,6%”, sublinha o comunicado de resultados do banco presidido por Paulo Macedo.
A nível recorrente, também a margem financeira beneficou os resultados, ajudada sobretudo pelas operações em Angola e Moçambique. Em Portugal, a margem beneficiou sobretudo das operações especiais proporcionadas pelo Banco Central Europeu (BCE).
A margem financeira subiu 22% para 601 milhões de euros, sendo que também as comissões bancárias ganharam 13% para m306 milhões. Nas operações financeiras, os resultados foram 38% abaixo do período homólogo.
Com um agravamento dos custos de estrutura, o resultado bruto de exploração baixou 6,5%, pelo que foram depois as rubricas de resultados que ajudaram ao aumento do lucro, inédito em 15 anos.
Dividendo de pelo menos 198 milhões
Seguindo a política de dividendos, a CGD já incorpora nas suas contas a entrega de 198 milhões em dividendos ao Estado referentes ao primeiro semestre, pelo que falta ainda a segunda parte do ano.
Na prática, o que está em causa é o registo, para já, de distribuir, "no máximo", 50% dos resultados, segundo essa política de dividendos. "Apresentamos a perspetiva mais conservadora para abate aos fundos próprios", continuou Macedo.
É, assim, incorporando estes números que são calculados os rácios de capital. O mais exigente, CET1, subiu de 18,2%, em dezembro, para 18,5%, em junho.
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