BCP multiplica lucro por seis no semestre, com Portugal a compensar Polónia
Lucro do BCP multiplica por seis no primeiro semestre do ano, para 74,5 milhões de euros, graças à operação em Portugal
Lucro do BCP multiplica por seis no primeiro semestre do ano, para 74,5 milhões de euros, graças à operação em Portugal
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O BCP obteve um lucro de 74,5 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a um número mais de seis vezes superior ao resultado líquido obtido no mesmo período do ano passado, de acordo com o comunicado divulgado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quarta-feira, 27 de julho.
A operação em Portugal conseguiu um resultado líquido de mais de 170 milhões de euros, o que compensou as perdas que o banco continua a ter na sua operação na Polónia.
A nível consolidado, o banco registou um crescimento de 29% da margem financeira – que corresponde à diferença de juros recebidos em créditos e juros pagos em depósitos – aproximando-se dos mil milhões de euros. A margem subiu de forma muito mais pronunciada na atividade internacional do que na operação portuguesa.
As comissões subiram 10%, sobretudo graças a Portugal. Já os resultados de operações financeiras penalizaram e fizeram com que a rubrica de produto bancário, que totaliza todos estes indicadores, subisse apenas 14,9% para 1,3 mil milhões de euros.
Já os custos recuaram 12,5%, sendo que no semestre de 2021 houve encargos com as saídas de pessoal que este ano não se registaram.
Como esperado, as provisões constituídas para os riscos legais que o Bank Millennium enfrenta na Polónia, de que o BCP tem 50,1%, continuam a pesar nos resultados. Foram 198 milhões de euros, a que o banco ainda juntou o reconhecimento de perda de mais 102 milhões pelo goodwill da unidade que o banco tem na Polónia. Na prática, o que está em causa é o reconhecimento da perda do valor que tinha sido conquistado aquando da compra da participação acionista, tendo em conta a avaliação conservadora feita pela gestão do BCP.
Olhando para a atividade, o banco registou um crescimento de 2% do crédito, com força em Portugal. Os empréstimos para a compra de casa foram os que mais dinamizaram na operação nacional, em que a carteira ascendeu a 40,6 mil milhões de euros.
Os ativos problemáticos representam 4,3% da carteira de crédito, abaixo dos homólogos 5,2%.
Os depósitos voltaram a disparar, ajudando aos recursos de clientes captados pelo BCP, que totalizaram 67 mil milhões na atividade nacional.
A nível de capital, o BCP continua a apresentar números mais baixos do que os grandes concorrentes (com exceção do Novo Banco). O rácio mais exigente, o CET1, deslizou de 11,6% para 11,3%, mas o banco, como explicou o presidente executivo, Miguel Maya, acredita que vai subir aos 11,9%. “Estamos a aguardar um despacho favorável dos reguladores”, explicou, referindo-se a um regulamento que flexibiliza a contabilização de determinadas posições cambiais.
O CEO do banco sublinha que estão acima dos mínimos regulamentares, mas, mesmo assim, “a continuar a exigir uma gestão muito prudente do capital”.
Tal como o Expresso tinha já anunciado, Miguel Maya recusa qualquer necessidade de aumento de capital do BCP: "não estamos a planear nenhuma operação de aumento de capital em Portugal".
O plano de recuperação que está a ser posto em marcha no Bank Millennium não vai exigir dinheiro da casa-mãe, ressalvou, também, Miguel Maya.
(Notícia atualizada às 18h00 pela última vez)
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