Economia

Von der Leyen quer “rede de segurança” na UE para eventual rutura do gás russo

Von der Leyen quer “rede de segurança” na UE para eventual rutura do gás russo
Anadolu Agency/Getty Images

A presidente da Comissão Europeia defendeu a criação de uma “rede de segurança” perante rutura do gás russo para garantir aprovisionamento do gás. Foi também pedido aos Estados-membros uma redução no consumo

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu, esta quarta-feira, a criação, na União Europeia (UE), de uma “rede de segurança” perante rutura do gás russo, com instrumento de emergência para garantir aprovisionamento e redução da utilização.

“Assumindo que há uma rutura total do gás russo, precisamos de poupar gás para encher rapidamente o nosso depósito e, para o fazer, temos de reduzir o nosso consumo de gás. Sei que isto é um grande pedido para toda a UE, mas é necessário proteger-nos e é por isso que hoje [quarta-feira] propomos um instrumento de emergência, com base no artigo 122.º [dos tratados] com dois objetivos, um é que cada Estado-membro deve reduzir a utilização de gás e o nosso segundo objetivo é proporcionar uma rede de segurança para todos os Estados-membros”, declarou Ursula von der Leyen.

Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, no dia em que a Comissão Europeia apresenta um pacote sobre “poupar gás para um inverno seguro”, a líder do executivo comunitário apontou que, no caso de uma rutura total no fornecimento russo, caberá a Bruxelas “desencadear um alerta global para a UE”.

“Pedimos aos Estados-membros que reduzam em 15% o consumo de gás, […] o equivalente a 45 mil milhões de metros cúbicos de redução de gás”, por permitir um “armazenamento em segurança durante o inverno”, apontou Ursula von der Leyen.

“O lema é que, quanto mais rápido atuamos, mais poupamos e mais seguros estamos”, concluiu.

A Comissão Europeia propôs esta quarta-feira uma meta para redução do consumo de gás UE de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta.

Como a agência Lusa já tinha antecipado na terça-feira, previsto está que a Comissão Europeia possa declarar uma situação de emergência na UE perante um eventual corte do fornecimento de gás russo, com o racionamento e a redução do fluxo a serem medidas de último recurso.

Esta situação de alerta já está prevista no regulamento existente relativo à segurança do aprovisionamento de gás, que surgiu após crises energéticas anteriores e que prevê três níveis nacionais de crise (alerta precoce, alerta e emergência), mas o que Bruxelas propõe agora é um novo regulamento sobre medidas coordenadas de redução da procura de gás.

“O novo regulamento estabeleceria um objetivo para todos os Estados-membros de reduzir a procura de gás em 15% entre 01 de agosto de 2022 e 31 de março de 2023. O novo regulamento daria igualmente à Comissão a possibilidade de declarar, após consulta dos Estados-membros, um ‘alerta da União’ sobre a segurança do aprovisionamento, impondo uma redução obrigatória da procura de gás a todos os países”, precisa a instituição em comunicado.

Em concreto, o alerta da União “pode ser desencadeado quando existe um risco substancial de uma grave escassez de gás ou de uma procura de gás excecionalmente elevada”, prevendo-se que, nesse cenário, “os Estados-membros atualizem os seus planos de emergência nacionais até ao final de setembro para mostrar como tencionam cumprir o objetivo de redução, e devem informar a Comissão sobre os progressos realizados de dois em dois meses”.

“Os Estados-membros que solicitem solidariedade no fornecimento de gás deverão demonstrar as medidas que tomaram para reduzir a procura a nível interno”, adianta Bruxelas.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.

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