Economia

Remote despede cerca de 100 trabalhadores a nível global e prescinde de 8% da equipa portuguesa

Foto: Getty Images
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A Remote, startup co-fundada pelo português Marcelo Lebre, anunciou o despedimento de cerca de 100 funcionários

A Remote, startup especializada em soluções de gestão de recursos humanos para trabalhadores remotos co-fundada pelo português Marcelo Lebre, anunciou esta quarta-feira, 6 de julho, o despedimento de cerca de 100 funcionários devido à "incerteza económica" atual.

A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo Público. O diário detalha que a empresa terá em Portugal entre 150 e 200 trabalhadores, que serão também afetados pelos despedimentos.

Ao Expresso, a Remote disse que os despedimentos irão afetar 8% do quadro de pessoal português, abrangendo assim entre 12 e 16 trabalhadores.

Segundo um comunicado da empresa enviado ao Expresso, a empresa justifica os despedimentos "à luz da incerteza económica", classificando-os como "uma decisão consciente de mudar agora o nosso caminho para nos focarmos na sustentabilidade de longo-prazo." Vendas, recrutamento e marketing são algumas das áreas afetadas.

A Remote garante oferecer aos trabalhadores afetados "indemnizações generosas", e "permitir-lhes manter todos os equipamentos de TI e outros periféricos fornecidos pela empresa".

"Apesar de dolorosa, esta medida irá ajudar-nos a focar-nos cada vez mais no nosso compromisso de criar oportunidades para as empresas e indivíduos em qualquer lado", garantem.

A Remote, sediada em São Francisco, nos Estados Unidos, foi fundada em 2019 pelo holandês Job van der Voort e pelo português Marcelo Lebre, antigo vice-presidente de engenharia da startup portuguesa Unbabel. Desde a sua fundação, angariou cerca de 480 milhões de euros em quatro rondas de financiamento, segundo dados do site especializado Crunchbase.

A mais recente foi uma Série C, em abril deste ano, na qual captou o equivalente a 290 milhões de euros junto de fundos de capital privado como o japonês SoftBank e a norte-americana Sequoia Capital.

Esta última ronda avaliava a empresa em mais de 3 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros), confortavelmente na categoria de "unicórnio", o selo que se cola às empresas de crescimento rápido que ultrapassam o milhar de milhão de dólares em valor de mercado.

Em julho de 2021, mês em que alcançou esse estatuto, Marcelo Lebre disse que queria contratar entre 400 e 700 pessoas até ao final de 2022.

Abrandamento já começou

Depois de um ano de 2021 que bateu recordes no investimento global em startups, atingindo os 600 mil milhões de euros e mais do que duplicando o investimento do ano anterior, o abrandamento começou nos primeiros três meses de 2022.

O investimento de capital de risco em startups caiu 19% face ao trimestre anterior para cerca de 138 mil milhões de euros em 8876 operações, segundo dados da consultora norte-americana CB Insights. No segundo trimestre, a queda estimada no montante total é de 19% para o equivalente a 112 mil milhões de euros, antecipando-se 6904 negócios fechados.

A diminuição dos montantes disponíveis junto do capital de risco, e o encarecimento do financiamento nos meios mais tradicionais como na banca, está a fazer com que as startups optem por reestruturar as suas operações num contexto económico desafiante, de inflação alta, subida das taxas de juro, e talvez uma recessão mais à frente.

Segundo o Crunchbase, no início de julho as tecnológicas norte-americanas, entre elas pesos-pesados como o Netflix e a plataforma cripto Celsius, despediram mais de 24 mil trabalhadores.

(Notícia atualizada às 23h11 com detalhes relativos à equipa portuguesa da Remote)

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