Criptomoedas. Pessimismo em relação à economia mundial contamina ativos digitais

As criptomoedas fecharam maio em queda, superando os recuos sentidos nos mercados acionistas globais. Empresas como a Coinbase e a 2TM repensam contratações
As criptomoedas fecharam maio em queda, superando os recuos sentidos nos mercados acionistas globais. Empresas como a Coinbase e a 2TM repensam contratações
Jornalista
As criptomoedas fecharam maio em queda, superando os recuos sentidos nos mercados acionistas globais. A Bitcoin, a criptomoeda mais popular, perdeu no último mês 20% do seu valor, ao passo que a Ether, do protocolo Ethereum, a segunda mais conhecida, recuou 35%. Compare-se isto aos 8,2% de perdas acumuladas de abril e maio nos mercados mundiais de ações e percebe-se que a percepção de risco em relação aos criptoativos é - eufemisticamente - um pouco maior.
O colapso da stablecoin algorítmica TerraUSD, que provou ser tudo menos stable quando confrontada com uma situação de falta de liquidez, foi uma espécie de "momento Lehman" para as criptomoedas, evaporando-se no espaço de um par de dias 40 mil milhões de dólares (cerca de 37 mil milhões de euros ao câmbio atual).
Entretanto, esta semana foi mais tranquila do que as anteriores neste segmento dos ativos digitais com base em protocolos blockchain. A Bitcoin perdeu apenas 0,11% do seu valor nos últimos cinco dias e rondava os 27.400 euros na tarde desta sexta-feira, 3 de junho. A Ether perdera um pouco mais - 3,2% - na semana, cotando nos 1630 euros. A Dogecoin perdeu 3,7% desde segunda, negociando nos 0,07 euros. A Cardano, entretanto, era uma notável excepção, tendo-se valorizado 14% na semana para os 0,51 euros por 'token', graças à atualização da infraestutura do 'token' prevista para junho.
De qualquer das formas, o ambiente no meio cripto mimetiza um pouco o mal-estar crescente que se vai sentindo entre os investidores noutro tipo de ativos, afetados pelo aumento das taxas de juro de referência pelos bancos centrais, pela drenagem de liquidez dos mercados, e pelas perspetivas de uma recessão em 2023.
A Coinbase, uma das plataformas de trading mais populares, perante a queda do volume transacionado em criptos (que resultou na perda de 73% do valor das suas ações desde o início do ano) anunciou que não iria fazer contratações "nos próximos tempos" e iria dar o dito por não dito e cancelar recrutamentos praticamente concluídos, segundo a CNBC.
Entretanto, outras empresas relevantes do setor como a brasileira 2TM, dona da portuguesa Criptoloja, anunciou o despedimento de 86 profissionais na quarta-feira, justificando-os com "as mudanças no ambiente financeiro global, o aumento das taxas de juro, e a inflação", de acordo com a página especializada CoinDesk.
Por outro lado, a memestock Gamestop, que enlouqueceu os participantes de um certo quadro do Reddit, e seguidamente os mercados norte-americanos, no início de 2021, reportou um aumento de 12% dos prejuízos no período de fevereiro a abril de 2022. Porém, angariou 76,9 mil milhões de dólares (72 mil milhões de euros) com as vendas de non-fungible tokens, ou NFT, uma aposta que visa tornar a empresa menos dependente das receitas das já obsoletas lojas físicas.
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