Economia

Generali quadruplica lucros em Portugal, mas enfrenta dificuldades para sair de Angola e Moçambique

Generali quadruplica lucros em Portugal, mas enfrenta dificuldades para sair de Angola e Moçambique
D.R.

Grupo Generali estabiliza e melhora resultados da operação da Tranquilidade em Portugal. Receitas do maior ramo de negócio bateram um recorde este ano

Generali quadruplica lucros em Portugal, mas enfrenta dificuldades para sair de Angola e Moçambique

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Generali mais do que quadruplicou os seus lucros da operação portuguesa em 2021, totalizando 54,1 milhões de euros. O volume de negócios aumentou e ajudou a companhia do grupo segurador italiano a registar o seu segundo ano consecutivo de lucros, depois de anos em que os prejuízos foram uma realidade.

O lucro de 54,1 milhões de euros compara com os 12,9 milhões registados em 2020 numa base comparável – foi naquele ano que se realizou a fusão que juntou as empresas do grupo segurador na mesma empresa –, ou com os 18,9 milhões de euros de resultado contabilístico, sem esse ajuste.

Em 2021, houve, portanto, uma melhoria dos resultados da empresa, que em 2019 estava mergulhada em prejuízos devido à complicada situação em que caiu depois da derrocada do Grupo Espírito Santo, que era o seu acionista, e que levou à reestruturação já na posse da americana Apollo.

Tecto máximo de receitas superado

No campo das receitas, a Generali - que atua sob as marcas Tranquilidade, Açoreana e Logo - registou um crescimento de 5,2% dos prémios brutos emitidos de seguro direto, que totalizaram 1,1 mil milhões de euros no ano passado.

A contribuir estiveram sobretudo os seguros do ramo não vida (acidentes e doença, saúde e incêndio foram os que mais subiram), com um aumento de 7,3%. Já o ramo vida, que tem um peso muito menor, sofreu um decréscimo de 16,7% (com uma quebra na produção dos produtos financeiros).

Citado no comunicado enviado às redações, o presidente executivo da Generali em Portugal revela que foi a primeira vez que o volume de negócios no ramo não vida superou os mil milhões de euros. “A Generali terminou o ano de 2021 com uma quota de mercado, em Não Vida, de 18,8%”, indica o comunicado. São mais quatro décimas que um ano antes.

O ramo vida da seguradora também foi aquele que pesou no aumento global, em termos homólogos, de 4,5% dos custos com sinistros, que chegaram aos 656 milhões de euros. Esta atividade comercial da empresa está dispersa no país em 688 pontos físicos: 13 lojas em Lisboa, Porto e Açores e depois com 641 lojas de parceiros, dos quais 282 exclusivos.

Além de fatores extraordinários, a descida de 6% dos custos operacionais foi outra das razões para a melhoria dos resultados. A Generali Seguros emprega 1085 pessoas, menos 29 que no ano anterior (51 admissões e 80 saídas, das quais 40 por iniciativa própria ou da empresa, 14 foi por despedimento coletivo e 21 por rescisão por mútuo acordo). Tinha havido despedimento coletivo de 63 pessoas em 2020.

Dificuldades para sair de Angola e Moçambique

Entretanto, mesmo antes de a Generali fechar a compra, já a Tranquilidade estava a tentar sair das operações internacionais, o que quer dizer sair de Angola e Moçambique. Só que não tem sido fácil.

Em relação a Moçambique, havia acordo para a venda desde 2019, mas não aconteceu. “No decorrer de 2020, a venda destas participações não se efetivou e desta forma a companhia tem estado desde então a negociar alternativas para a conclusão deste processo, o que se concretizou em 2021, sobre a forma de cedência da carteira, estando neste momento apenas a aguardar as aprovações de todas as entidades competentes”, explica o relatório e contas de 2021.

Também a Tranquilidade – Corporação Angolana de Seguros é para sair do balanço do agora grupo italiano. A participação iria para o Banco Económico (antigo BES Angola) e para outro investidor, não identificado, mas não chegou a bom porto. Até porque o próprio Banco Económico está em dificuldades, tendo aliás sido alvo de intervenção pelo regulador angolano.

“Ao contrário do que eram as expectativas da companhia, esta não conseguiu alienar a participação pela demora na obtenção da aprovação da Agência Angolana de Regulação e Supervisão, a única condição precedente que faltava cumprir. Não obstante, e em virtude desta situação o acordo existente celebrado com o Banco Económico ter expirado em 31 de dezembro de 2020, a companhia continua a ter uma forte intenção de venda deste ativo pelo que irá encetar diversas frentes de negociação tendo em vista esse objetivo”, adianta o relatório e contas. Uma nota que repete aquilo que já era dito há um ano.

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