Economia

Sonae: Vendas batem recorde de 1,7 mil milhões, lucros disparam

Claudia Azevedo
Claudia Azevedo
Rui Duarte Silva

Lucros saltam de um milhão para 42 milhões num trimestre em que Cláudia Azevedo refere “efeitos indiretos” da invasão da Ucrânia

Os lucros da Sonae no primeiro trimestre do ano dispararam para 42 milhões de euros, contra um milhão em período homólogo. É “uma melhoria significativa”, diz a empresa em comunicado divulgado esta quarta-feira.

As vendas atingiram um valor recorde de 1,7 mil milhões de euros, 5% acima dos primeiros três meses de 2021.

“O início de 2022 foi muito bom para a Sonae. Os nossos negócios continuaram a apresentar um desempenho de sucesso nos seus respetivos mercados e o Grupo manteve uma sólida trajetória de crescimento, com melhores níveis de rentabilidade, tendo resultado numa maior valorização do portefólio”. É assim que a presidente executiva da Sonae, Cláudia de Azevedo, comenta um trimestre em que o EBITDA subjacente aumentou 10%, para 121 milhões de euros, o EBITDA total cresceu 17%, para 149 milhões, “apesar do aumento dos custos de energia de cerca de 20%”, e a dívida líquida ficou nos 931 milhões de euros (menos 600 milhões que um ano antes).

“O nosso portefólio de investimentos valorizou, tendo o NAV (valor líquido do portefólio) atingido 4,1 mil milhões de euros, 65 milhões acima do valor registado no final de 2021”, destaca ainda a gestora, sublinhando que estes resultados “foram conseguidos num contexto muito desafiante, marcado pela invasão russa à Ucrânia”, que “tem vindo a afetar a confiança do consumidor”.

O efeito Ucrânia

“Apesar da Sonae não estar direta e materialmente exposta a estes países, os nossos negócios sentiram já os efeitos indiretos do conflito, nomeadamente através do aumento dos preços da energia, da inflação generalizada e dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, tendo conseguido ultrapassar estes desafio”, diz sobre o impacto da guerra.

Quanto ao futuro, o trabalho continua e, “independentemente da evolução da economia global e dos mercados financeiros, com o nosso grupo de negócios, a nossa sólida situação financeira e a competência das nossas equipas, estamos bem posicionados para atravessar este ciclo de incerteza, continuar a reforçar as nossas posições competitivas e aproveitar oportunidades que se nos apresentem”, assegura.

Investimento soma 516 milhões em 12 meses

Num trimestre em que as aquisições somaram 110 milhões de euros e a posição na Sierra foi reforçada para 90%, o grupo fecha um ciclo de 12 meses com investimentos de 516 milhões e um crescimento de 18,7% no capex (despesa de capital) operacional decorrente do investimento orgânico dos negócios, indica o comunicado divulgado um dia depois da Sonae anunciar a venda da Maxive (cibersegurança) à ThalesEurope.

“Relativamente à atividade de gestão do portefólio, a Sonae investiu 220M€ e encaixou 693M€ com a venda de ativos, sobretudo com a venda da participação minoritária da MC e da participação de 50% na Maxmat”, precisa o comunicado em que a Sonae destaca a sua estrutura de capital “robusta, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez muito confortáveis”.

No final do primeiro trimestre, o grupo detinha 1,150 mil milhões de euros de liquidez disponível (caixa e linhas de crédito disponíveis), mantendo “um baixo custo de financiamento (menos de 1,0%)” e “melhorando o perfil de maturidade da dívida para quase 5 anos”, com 65% de linhas de financiamento de longo prazo associadas ao desempenho sustentável, verde ou ESG”.

MC reforça quota

Por negócios, a Sonae MC cresceu 3,8% (2,2% numa base comparável) e continuou a ganhar quota de mercado, com vendas próximas de 1,3 mil milhões de euros, puxada pelos formatos não alimentares, que recuperaram das restrições de confinamento do ano passado e capturaram a melhoria do consumo não doméstico, e pela inflação dos produtos alimentares que atingiu 5% no primeiro trimestre.

As vendas online duplicaram face aos níveis pré-pandemia, atingindo 3,2% do volume de negócios.

“Em relação à rentabilidade, o desempenho positivo das vendas da MC contribuiu para uma melhoria de 1,5% do EBITDA subjacente, com uma margem estável de 8,4%, apesar de penalizada pela pressão adicional nos preços de inputs específicos, como a energia”, indica a Sonae.

Na Worten o volume de negócios caiu 4,1%, para 261 milhões que contrasta com o salto de 29,3% reportado no primeiro trimestre do ano passado e reflete a contração do mercado de eletrónica depois de dois anos consecutivos de crescimento significativo devido ao contexto pandémico, mas também um inverno menos rigoroso que limitou a procura de categorias sazonais e a reorganização da oferta em Espanha.

Sierra triplica lucro

A Sierra triplicou o lucro para 10 milhões de euros, com uma valorização de 5,1% dos ativos, agora nos 972 milhões “após dois anos desafiantes”, marcados pelos encerramentos de centros comerciais impostos pela pandemia.

O portefólio europeu da Sierra registou uma maior taxa de ocupação (96,9%, +0,6 p.p. em termos homólogos) e as vendas dos lojistas para a mesma base de lojas aumentaram mais de 90% em termos homólogos até ao final.

No final do trimestre, o NAV da Sierra, de acordo com a metodologia INREV, aumentou 5,1% face ao final de 2021 para 972 milhões de euros, puxado pela apreciação do Real Brasileiro e do Peso Colombiano, bem como pela melhoria do resultado líquido no período.

Zeitreel cresce 57%

Na moda, a Zeitreel cresceu 57% e fechou o trimestre com um volume de negócios consolidado de 96 milhões de euros.

Nos serviços financeiros, a evolução da atividade operacional e dos resultados "foi positiva nos últimos 12 meses e deverá continuar nos próximos trimestres". O volume de produção do Universo aumentou 23%, para 257 milhões de euros e o número de clientes atingiu os 989 mil, somando 96 mil novos clientes face a período homologo. O volume de negócios atingiu os 8 milhões de euros.

A Bright Pixel, que continua ativa na sua atividade de gestão de portefólio, fechou o primeiro trimestre com o capital investido no portfólio ativo nos 159 milhões de euros e o NAV nos 378 milhões.

Nas telecomunicações, o volume de negócios da NOS aumentou 10,6%, para 373 milhões de euros, impulsionado por todos os segmentos: media e entretenimento (+71,1%) e telecomunicações (+9%).

A ISRG cresceu 66%, para fechar com vendas de 366 milhões de euros puxadas, também, pelo canal online, que viu o seu contributo passar de 15,7% para 21,1%, sobretudo devido à aquisição da Deporvillage.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

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