Foi ao sabor da pandemia que a economia portuguesa evoluiu no passado, constata o Banco de Portugal (BdP). No Boletim Económico de maio, apresentado esta quinta-feira em Lisboa, pelo governador, Mário Centeno, o banco central destaca que "a recuperação foi marcada pela evolução da pandemia, apresentando um perfil intra-anual diversificado".
Esse perfil da recuperação contou com "uma redução da atividade no início do ano - reflexo de uma nova vaga e do confinamento geral -, uma forte recuperação nós dois trimestres seguintes e, no último trimestre, o ritmo de crescimento reduziu-se, devido às adoção de novas medidas medidas de contenção".
No cômputo do ano, a economia cresceu 4,9% - ligeiramente abaixo da área do euro após uma redução mais acentuada em 2020 - recuperando parcialmente da queda de 8,4% no ano anterior
Constantando que "o impacto diferenciado da crise reflete o maior peso de alguns setores de serviços, em particular das exportações de turismo em Portugal", o BdP destaca que "o apoio das políticas económicas revelou-se essencial para a preservação da capacidade produtiva e para a recomposição sectorial".
Com destaque para o emprego. "O mercado de trabalho mostrou-se dinâmico ao longo do ano. O emprego beneficiou das políticas públicas de apoio e manteve-se resiliente durante a pandemia'. Como resultado, "no final de 2021, o emprego tinha recuperado e o desemprego registou valores inferiores aos de 2019", escreve o banco central.
Neste contexto, "as remunerações médias por trabalhador aceleraram face a 2020, aumentando 5,5% nos dois anos de pandemia", aponta o BdP.
Assim, "as famílias tiveram um aumento do rendimento disponível, o que sustentou a recuperação do consumo", destaca o BdP, salientando ainda que "o investimento cresceu acima da média da área do euro".
Na apresentação do boletim, o governador do BdP, Mário Centeno, sublinhou que o papel das políticas económicas nacionais e europeias foi essencial, destacando que a crise pandémica mostrou a "importância de coordenar políticas a nível europeu".
E, a nível nacional, mostrou "a capacidade das finanças públicas de responderem às necessidades da economia, quando essas finanças públicas têm margem para agir", numa clara alusão à importancia de eliminar os défices públicos quando a economia está com bom desempenho, para ter margem para avançar com medidas de apoio em alturas mais difíceis.
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