Os funcionários de um centro de distribuição da Amazon em Staten Island, Nova Iorque, votaram a favor da criação do primeiro sindicato da tecnológica fundada por Jeff Bezos. Concretamente, 2.654 funcionários asseguraram a maioria dos votos a favor, contra 2.131 contra a criação do sindicato. O Amazon Labor Union (ALU) tinha sido criado há cerca de um ano, mas a sua legalização dependia desta votação.
A notícia foi avançada pela agência Reuters, que cita uma contagem divulgada na sexta-feira pela National Labor Relations Board (NLRB), a autoridade norte-americana para as condições de trabalho.
“Hoje as pessoas pronunciaram-se, querem um sindicato”, declarou o presidente do ALU, Christian Smalls. E dirigindo-se a Jeff Bezos, acrescentou: “Enquanto ele esteve lá em cima, nós conseguimos criar um sindicato”, ironizou, referindo-se à visita que o presidente da multinacional fez às instalações no dia da votação.
Já o advogado do ALU, Eric Milner, considera que este foi “um dia histórico”, que “pode desencadear uma reação em cadeia, de uma filial para a outra”. Recorde-se que o Walmart, o maior empregador privado dos Estados Unidos (com cerca de 1,6 milhões de trabalhadores), não tem um sindicato.
Mas a guerra não está ganha. O sindicato ainda terá que negociar com a gigante tecnológica no sentido de alcançar melhores condições e compensações para os trabalhadores.
A Amazon, por sua vez, mostrou-se dececionada com o resultado. “Estamos desapontados com o resultado da eleição em Staten Island, porque acreditamos que ter um impacto direto na empresa é melhor para os nossos trabalhadores”, declarou a empresa em comunicado. A multinacional adiantou ainda estar a avaliar várias opções, incluindo a tentativa de impugnação da criação do sindicato, com base naquilo que considera ser a “influência inapropriada” da autoridade norte-americana para as condições de trabalho – algo que levou um porta-voz da NLRB a responder que é uma agência federal independente, cujas ações foram consistentes com o seu mandato.
Mas o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saudou o resultado. Através da porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, garantiu estar “feliz por os assalariados conseguirem garantir que serão ouvidos nas decisões importantes”. “Todo os trabalhadores de cada estado devem poder escolher, de forma livre e justa, a possibilidade de se juntarem a um sindicato”, sublinhou, acrescentando que os trabalhadores de Staten Island “fizeram a sua escolha para se organizarem num sindicato, negociarem por melhores trabalhos e uma melhor vida”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mjbourbon@expresso.impresa.pt