Europa exclui sete bancos russos do Swift (para já) e decide que não há notas de euros para a Rússia
Lista de bancos afetados pode engrossar, “dependendo do comportamento da Rússia”
Lista de bancos afetados pode engrossar, “dependendo do comportamento da Rússia”
Jornalista
Aquela que era uma das grandes sanções contra a Rússia foi posta em prática. Sete grandes bancos russos foram excluídos do sistema Swift, que suporta as comunicações das mais normais transações financeiras internacionais. A decisão da Comissão Europeia foi concretizada esta quarta-feira, juntamente com o impedimento de envio de notas de euro para a Rússia.
“A União Europeia decidiu hoje excluir bancos russos cruciais do sistema Swift, o sistema de mensagens financeiros dominante no mundo. A medida vai impedir os bancos de conduzir as suas transações financeiras internacionais de uma forma rápida e eficaz. A decisão foi coordenada de perto com os parceiros internacionais da UE, como os EUA e o Reino Unido”, informa o comunicado publicado esta quarta-feira, 2 de fevereiro.
Desde 2014, com a anexação da Crimeira, que a Rússia está sob sanções da União Europeia, numa lista agora fortemente engrossada, que abrange sete bancos, como adiantou a Bloomberg esta terça-feira. “Os bancos alvo destas medidas foram escolhidos porque foram sujeitos a sanções da UE e de outros países do G7”, indica. Banco Otkritie, Novikombank, Promsvyazbank, Banco Rossiya, Sovcombank Vnesheconombank (VEB) e Banco VTB são os visados. O VTB, como já noticiado, é o acionista, com 12%, do banco português Finantia, sendo o segundo maior banco.
“À velocidade da luz, a União Eurpeia adotou três ondas de pesadas sanções contra o sistema financeiro russo, as indústrias de tecnologia de topo e a sua elite corrupta. Este é o maior pacote de sanções na história da União. A decisão de hoje de desligar os bancos russos da rede SWIFT vai enviar um outro sinal muito claro a Putin e ao Kremlin”.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em comunicado
O Sberbank, o maior banco russo, não consta desta lista, mas as suas operações na União Europeia foram intervencionadas, com a insolvência da unidade na Áustria e com a venda de operações croatas e eslovenas. De qualquer forma, segundo explica a Reuters, a justificação para que o grande banco russo não esteja incluído, bem como o Gazprombank, outro banco russo de capitais públicos, é o facto de serem os principais canais de pagamentos para o petróleo e o gás russo, que os países europeus continuam a comprar.
Estes dois bancos já sofrem outras sanções da UE desde 2014, mas agora não viram a exclusão do SWIFT.
Porém, no comunicado, a Comissão Europeia deixa um alerta: “Dependendo do comportamento da Rússia, a Comissão está preparada para adicionar novos bancos russos no curto prazo”.
A decisão aplica-se dentro de 10 dias, para dar ao SWIFT e a outros operadores de implementar a medida, “mitigando possíveis impactos negativos”.
Ao estarem fora deste sistema, que suportava mais de dois terços das transações levadas a cabo pelos bancos russos, torna-se difícil a concretização acelerada de pagamentos ou transferências. Não podem ser feitas como até aqui, obrigando a procurar alternativas e limitando as transações com os bancos ocidentais. Isto porque a UE junta-se às posições dos EUA e do Reino Unido.
A publicação no jornal oficial da União Europeia concretiza aquilo que já se vinha antecipando e que segue a decisão do Conselho de ministros europeu. Este passo, como declara o diploma oficial, “impõe novas medidas restritivas no que diz respeito à prestação de serviços de mensagens financeiras especializadas a certas instituições de crédito russas e às suas sucursais russas que sejam relevantes para o sistema financeiro russo e que já estejam sujeitas a medidas restritivas impostas pela União ou por países parceiros e, sob reserva de determinadas exceções, no que diz respeito à colaboração com o Fundo de Investimento Direto Russo”. No caso do Fundo de Investimento Direto Russo, as exceções podem prender-se com aqueles cujos contratos foram celebrados até aqui.
Além disso, Bruxelas “proíbe igualmente, sob reserva de certas exceções, o fornecimento de notas de euro à Rússia”. “É proibido vender, fornecer, transferir ou exportar notas expressas em euros para a Rússia ou qualquer pessoa singular ou coletiva, entidade ou organismo da Rússia, incluindo o Governo e o Banco Central da Rússia, ou para utilização na Rússia”, segundo a decisão europeia.
Ao ser decidida, esta medida tem de ser cumprida pela Swift, já que é uma empresa belga, um dos estados-membros abrangidos.
Tudo será feito sem indemnizações: “Não há lugar ao pagamento de qualquer indemnização relativamente a contratos ou transações cuja execução tenha sido afetada, direta ou indiretamente, total ou parcialmente, pelas medidas impostas pelo presente regulamento”.
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