Economia

Portugueses poderão ainda ter 5G este ano, antevê o presidente da Anacom

João Cadete de Matos, presidente da Anacom
João Cadete de Matos, presidente da Anacom
Ana Baião

Após um leilão em marcha lenta, com rondas que duraram 200 dias, João Cadete Matos acredita que estão reunidas as condições para que a quinta geração móvel (5G) seja uma realidade ainda em dezembro. O presidente do regulador defende que estão criadas as condições para um aumento da concorrência e uma descida de preços

Portugueses poderão ainda ter 5G este ano, antevê o presidente da Anacom

Anabela Campos

Jornalista

Reafirmando que o leilão cumpriu uma das suas principais missões, aumentar a concorrência, João Cadete de Matos, presidente da Anacom, admitiu em entrevista à RTP que, se for essa a vontade dos operadores, Portugal terá o 5G ainda em dezembro deste ano.

"Diria que todos nós vamos começar a poder utilizar o 5G para as nossas necessidades, não só os cidadãos como as empresas, a partir do próximo mês e sem nenhum atraso substancial relativamente a outros países da União Europeia”, disse João Cadete de Matos em entrevista à RTP. E esclareceu que a Anacom está a agora na fase de aprovação do relatório final, o que irá acontecer nos próximos dias. Depois disso os vencedores do leilão irão ter as licenças e podem começar a comercializar o serviço. "Portanto, diria que há condições ainda durante este mês de dezembro”, frisou.

O presidente do regulador das comunicações voltou a defender que Portugal não está atrasado na quinta geração móvel, até porque ao contrário de uma grande parte dos países, a Anacom optou por distribuir todo o espectro disponível, enquanto outros reguladores europeus o fizeram apenas parcialmente. Ou seja, vão ter de reabrir o processo de atribuição de licenças. Não obstante, só dois países da União Europeia não têm ainda uma comercialização do 5G: Portugal e a Lituânia.

Entre as virtudes do leilão do 5G - que se arrastou por mais de nove meses e foi apelidado pelo primeiro-ministro como o pior possível, numa crítica dura e direta à Anacom - João Cadete de Matos destacou a imposição do roaming nacional e as obrigações de cobertura dos operadores.

Um oligopólio perfeito

Rejeitando as críticas, Cadete de Matos mantém que o modelo do leilão era adequado para a distribuição das licenças, afirmando inclusive que ele foi usado por Espanha, Itália e Alemanha - e considera que foi para afastar a concorrência do mercado que os operadores optaram por o arrastar. "Quanto mais tempo estivesse o leilão a decorrer, mais atrasava a entrada da concorrência no mercado", avançou.

Admitiu, no entanto, que não tinha antecipado a possibilidade de o leilão se prolongar durante longos meses. E defendeu que houve entre os operadores "quem tivesse optado por fazer uma marcha lenta" fazendo licitações pelo montante mínimo. Quando o leilão terminou, Cadete de Matos apontou mesmo o dedo à Meo e à NOS. E esclareceu agora na entrevista à RTP que se não tivesse havido a desistência da Vodafone por um dos lotes, e leilão poderia ter-se arrastado até março de 2022.

O presidente da Anacom sublinhou que a combinação do roaming nacional com a entrada dos novos concorrentes no mercado móvel - Nowo e Dixarobil (para o mercado retalhista) e a Denser Air (para o grossista) - vai "ser decisivo" para baixar os preços e reaproximar Portugal dos outros mercados europeus nessa matéria.

"Nos últimos 12 anos os preços das telecomunicações aumentaram 8%, enquanto em média na União Europeia baixaram 10%. Estamos na cauda da Europa em termos de preços. Portugal é o segundo país com banda larga mais cara da União Europeia", exemplificou o regulador. É o reflexo do "oligopólio perfeito" que existe em Portugal no setor das telecomunicações, dominado por três operadores há cerca de 20 anos, Meo, NOS e Vodafone. Uma posição que Cadete de Matos tem defendido e que diz que o leilão do 5G pretende acabar.

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