Há 24 freguesias, em cinco distritos, quase todos do interior, que podem vir a ser prejudicadas caso haja uma nova redução de agências bancárias ou de caixas automáticos (da rede Multibanco e de outras marcas, como Euronet), segundo alerta o Banco de Portugal. Por esse motivo, o supervisor considera que tem de se pensar em mecanismos que compensem essa tendência.
“É importante iniciar uma reflexão a médio prazo sobre os mecanismos destinados a mitigar adversidades decorrentes de uma eventual contração da rede e sobre o posicionamento dos ‘stakeholders’ perante futuras falhas de mercado”, indica o comunicado da autoridade sob a liderança de Mário Centeno emitido esta sexta-feira, 12 de novembro.
O Banco de Portugal acredita que podem surgir “efeitos negativos decorrentes da contração adicional da rede”. “O encerramento de balcões e a diminuição do parque de caixas automáticos colocam em risco, cada vez mais, a satisfação de uma necessidade financeira básica: o acesso ao numerário, o único meio de pagamento com curso legal na área do euro, uma vez que, ao contrário de outros serviços, a sua distribuição não pode ser assegurada por canais de comunicação tecnológicos”, alerta a entidade no relatório publicado em que faz a “Avaliação da cobertura de rede de caixas automáticos e balcões de instituições de crédito”, atualizando os dados a 2020.
Por isso é preciso fazer algo porque, “sem qualquer intervenção, as forças do mercado, agindo legitimamente em função do seu próprio interesse, conduzirão à supressão gradual de um serviço essencial para a população, limitando as opções de pagamento ao dispor dos agentes económicos e promovendo quadros pontuais de exclusão financeira”.
Ou seja, os bancos, no seu caminho de corte de custos, saem de localidades menos rentáveis, independentemente de ali existirem ou não alternativas para os cidadãos.
Para já, ainda não se concretizou esse receio, mas há um claro risco, segundo o Banco de Portugal. “Uma contração adicional da rede poderá revelar-se especialmente crítica para os residentes em 24 freguesias de cinco distritos de Portugal Continental”, conclui, referindo-se a Beja (5 freguesias), Bragança (16), Castelo Branco (1), Faro (1) e Vila Real (1). Eram já estas as 24 freguesias em risco no estudo do ano anterior.
A distribuição da rede de balcões e caixas de levantamento é completamente desigual no território nacional, mas o Banco de Portugal conclui que 99,98% da população tem pelo menos uma destas unidades a menos de 15 quilómetros.
Há sete municípios – Mogadouro e Vinhais (Bragança); Idanha-a-Nova (Castelo Branco); Mértola e Ourique (Beja) e Alandroal (Évora) e Alcoutim (Faro) – em que um caixa automático serve 100 quilómetros quadrados de território.
Quanto às agências, o Expresso tinha já escrito que a cidade de Lisboa tem mais balcões do que 16 distritos do país. A rede de balcões está mesmo em níveis que não eram vistos desde os anos 90. A CGD e o BPI lançaram carrinhas com serviços bancários móveis, para prestarem serviços em zonas que tinham ficado sem as suas agências.
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