Economia

Governo em peso na concertação social para discutir alterações às leis do trabalho

Reunião extraordinária da Comissão Permanente da Concertação Social
Reunião extraordinária da Comissão Permanente da Concertação Social
Lusa

Concertação Social está reunida esta quarta-feira com as propostas da Agenda para o Trabalho Digno em cima da mesa. Governo está presente em peso, incluindo o primeiro-ministro. Mas Costa já avisou que só fica para discutir preparação do Conselho Europeu

É uma reunião quente. Com as alterações à legislação laboral a assumirem o papel de destaque nas negociações à esquerda para viabilização do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), a Concertação Social está reunida esta quarta-feira para fechar o dossier da Agenda para o Trabalho Digno.

Em causa está um conjunto de 68 medidas propostas pelo Executivo que têm gerado críticas tanto do lado dos sindicatos como dos patrões. Isto quando o Governo quer fechar as propostas concretas em Conselho de Ministros ainda este mês. Depois, muitas delas terão de ir ao Parlamento porque implicam alterações ao Código do Trabalho.

O Governo está presente em peso nesta reunião que tem na agenda também a preparação do próximo Conselho Europeu. Por isso, tal como é tradicional, o primeiro-ministro António Costa também integra a reunião.

Contudo, segundo apurou o Expresso, Costa já avisou os parceiros sociais de que não fica até ao fim da reunião. Ou seja, após a discussão dos temas europeus - primeiro ponto da agenda - o primeiro-ministro deverá abandonar o encontro. Isto apesar de as negociações relativas ao OE2022 estarem no topo das preocupações de patrões e sindicatos.

A discussão desse tema caberá, do lado do Governo, ao ministro da Economia e número dois do Executivo, Pedro Siza Vieira, e à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. Na reunião estão ainda presentes diversos secretários de Estado, em número superior ao habitual, apurou o Expresso.

Recorde-se que no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno o Governo propõe entre outras medidas limitar a quatro as renovações dos contratos temporários, reforçar os poderes de intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho, vedar temporariamente o recurso ao outsourcing por empresas que despeçam, criminalizar o trabalho totalmente não declarado, reforçar os direitos dos trabalhadores das plataformas digitais e criar incentivos para dinamizar a negociação coletiva.

Já depois da última reunião da concertação, o Governo fez ainda chegar aos parceiros a proposta de prolongar por mais um ano a suspensão da norma da caducidade das convenções coletivas e reforçar os mecanismos de arbitragem em caso de denúncia de caducidade por uma das partes, sem que haja negociação para a renovação da convenção em causa.

Um acordo na concertação social parece, no entanto, impossível. Do lado sindical, no início da reunião a CGTP voltou a considerar as medidas propostas pelo Governo como "insuficientes".

Quanto à UGT, apesar de apontar medidas positivas, frisou que "o documento não está ainda como a UGT pretende".

Quanto aos patrões, João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) vincou: "somos bastante críticos em relação a muitas medidas apresentadas, mantemos a posição negativa".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmateus@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate