O abrandamento sucessivo da economia portuguesa ao longo do mês de julho parece ter chegado ao fim. Com a chegada de agosto e o correspondente alívio das medidas restritivas impostas pelo Governo para combater a pandemia de covid-19, a tendência inverteu-se, o crescimento acelerou e agora estabilizou acima dos 4%. É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), publicado pelo Banco de Portugal (BdP), cujos dados foram atualizados esta quinta-feira.
Segundo a nota do BdP, publicada na sua página na internet, na semana terminada a 8 de agosto, o DEI - um indicador compósito que procura traçar, quase em tempo real, um retrato da evolução da atividade económica no país - "estabilizou face à semana anterior". Recorde-se que na semana anterior, terminada a 1 de agosto - precisamente o dia de entrada em vigor do alívio das medidas restritivas - este indicador tinha acelerado.
A média móvel semanal do DEI, na semana terminada a 8 de agosto - que abrange o período entre 2 e 8 de agosto -, indica um crescimento homólogo da atividade económica em Portugal de 4,4%. Isto quando a mesma média móvel referente à semana terminada a 1 de agosto sinalizava um incremento de 4,2% em termos homólogos. Já na semana terminada a 25 de julho, esse valor tinha ficado pelos 3,1%.
O DEI tinha entrado em julho a crescer a dois dígitos, mas foi perdendo fulgor ao longo do mês. Um abrandamento onde é preciso ter em conta dois fatores. Primeiro, o efeito de base. No segundo trimestre o DEI alcançou valores de crescimento muito expressivos (acima dos 20%), mas comparava com um período homólogo de 2020 marcado por um trambolhão inédito na economia portuguesa.
Aliás, no segundo trimestre deste ano, os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que a economia portuguesa cresceu 15,5% em termos homólogos, um valor recorde no Portugal democrático.
Já o terceiro trimestre, que se iniciou em julho, compara com um período homólogo de 2020 de recuperação marcada da economia portuguesa.
O segundo fator a ter em conta foi o agravamento da situação pandémica em Portugal, com o aumento da incidência de casos de covid-19, associada à expansão da variante delta no país. E que levou o Governo a impor várias medidas restritivas que, ao longo de julho, foram sendo aplicadas num número crescente de concelhos do país, penalizando a atividade económica.
Restrições que, a partir de 1 de agosto, foram aliviadas pelo Governo devido ao avanço da vacinação no país. O que pode ter ajudado a impulsionar a economia portuguesa.
O BdP calcula ainda a taxa bienal do DEI que, na prática, nos indica o crescimento acumulado neste indicador entre 2019 e 2021. Esta taxa, em termos de média móvel semanal, regista uma queda de 3,2% na semana terminada a 8 de agosto, sinalizando que a economia portuguesa operou abaixo do período homólogo de 2019.
É um valor próximo dos -3,1% registados na semana terminada a 1 de agosto, mas menos negativo do que os -5% da semana terminada a 25 de julho.
O DEI sumaria um conjunto de informação de natureza quantitativa e frequência diária, como o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Por isso, permite traçar, quase em tempo real, um quadro da evolução da atividade económica no país.
Os dados atualizados são divulgados semanalmente pelo Banco de Portugal, à quinta-feira, com informação até ao domingo precedente. A informação disponibilizada refere-se aos valores diários e à média móvel semanal deste indicador.