Economia

CGD tem lucros de 294 milhões de euros, mais do que a soma dos principais concorrentes

CGD tem lucros de 294 milhões de euros, mais do que a soma dos principais concorrentes
RODRIGO ANTUNES/Lusa

Lucro da CGD melhora 18%, graças a resultados em operações financeiras mas também a uma revisão de provisões para as pré-reformas

CGD tem lucros de 294 milhões de euros, mais do que a soma dos principais concorrentes

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Caixa Geral de Depósitos alcançou um lucro de 294 milhões de euros no primeiro semestre do ano, um número que representa mais do que a soma dos resultados líquidos do BPI (185 milhões), do Santander (81 milhões) e BCP (12 milhões) no mesmo período. Entre os concorrentes, o Novo Banco deverá apresentar contas na segunda-feira, e o Banco Montepio divulgou um prejuízo de 33 milhões esta sexta-feira.

O lucro do banco comandado por Paulo Macedo cresceu 18,3% em termos homólogos, um aumento muito mais significativo nas operações internacionais (subiram 51% para 61,5 milhões) do que na atividade nacional (aumentou de 12% para 232,7 milhões de euros), de acordo com o comunicado de resultados divulgado esta sexta-feira, 30 de julho, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O retorno sobre o capital (ROE) sobe um ponto percentual para 7,2%.

Houve fatores extraordinários a pesar no resultado: 44 milhões de euros vieram da “reavaliação das responsabilidades com benefícios pós-emprego e provisões para o programa de pré-reformas”. Excluindo-o, "o resultado líquido corrente foi de 250 milhões de euros o que corresponde a um aumento de 26,2% face ao resultado corrente do primeiro semestre de 2020”, aponta o comunicado.

Margem recua, comissões aumentam

A margem financeira do banco continua a recuar (caiu 8,4% para 476 milhões de euros), que o banco explica com as reduzidas taxas de juro e com a “baixa generalizada dos spreads nas novas operações, fruto da competitividade do mercado”. A compensar esteve o ganho de 10% nas comissões, totalizando 268 milhões de euros.

Também houve um ganho nos resultados em operações financeiras, que costumam ser mais voláteis: passaram de 39 milhões de euros, no primeiro semestre de 2020, para os 122 milhões, no mesmo período deste ano.

Assim, sobretudo com a soma destas rubricas, o produto bancário da CGD cresceu 5,9% e fixou-se em 859 milhões de euros.

No campo dos custos, há um número forte: deslize de 26% para 304 milhões de euros, devido em especial aos encargos com pessoal. Mas há aqui um impacto não recorrente de 94 milhões, devido ao referido “ajustamento de provisões associadas a benefícios pós-emprego e ajustamento nos custos previstos com o programa de pré-reformas”.

“Este impacto é parcialmente compensado ao nível do resultado líquido na rubrica de provisões. Se excluídos estes fatores não recorrentes observamos uma descida de 0,1% nos custos com pessoal”, diz a Caixa no comunicado.

Por esta razão, nas provisões e imparidades houve, então, um agravamento de 33 milhões para 105 milhões, ainda que a imparidade de crédito (reconhecimento antecipado de perdas) tenha descido.

Rácios de capital melhoram

“Os rácios de capital foram reforçados e atingiram 18,9% no capital core (CET1) e 21,5% no capital total”, assinala o comunicado.

Na CGD em Portugal, deu-se a redução de 300 postos de trabalho no espaço de um ano, totalizando 6 241 profissionais. O banco tem programas anuais para a saída de trabalhadores, com pré-reformas. Terminou junho com 543 unidades, menos oito face a junho de 2020.

Os resultados são apresentados ainda pelo conselho de administração do mandato anterior, já que a equipa para o período 2021-2024 ainda não aprovada pelo Banco Central Europeu, devido ao atraso nas nomeações por parte do Governo, como noticiado pelo Expresso.

(notícia atualizada às 17h10 com mais informações)

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