Presidente da CMVM diz que relatório "secreto" é um documento "factual" e não o coordenou, contradizendo Carlos Tavares
Tiago Miranda
Gabriela Figueiredo Dias afirmou que irá enviar o documento referido por Carlos Tavares para a comissão de inquérito, afirmando que não deverá haver qualquer reserva no seu envio, depois do pedido feito pelo presidente da comissão, Fernando Negrão
Gabriela Figueiredo Dias, que sucedeu a Carlos Tavares na liderança da Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), descarta que haja um relatório secreto a que se referiu o seu antecessor. "Existe um documento, não lhe chamaria relatório, que é um repositório de informação sobre factos, sem análise critica sobre o que foi feito na CMVM no período antes da resolução do BES", em agosto de 2014, afirmou esta segunda-feira perante os deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco.
Foi desta forma que a atual líder da CMVM reagiu ao relatório que Carlos Tavares sugeriu aos deputados da comissão de inquérito que lessem. Carlos Tavares sugeriu aos deputados que tivessem acesso a um documento chamado "relatório de autoavaliação da atuação da CMVM". Por isso, a audição de Carlos Tavares, hoje presidente do conselho de administração do Banco Montepio, agendada para as 15 horas desta segunda-feira foi adiada.
Gabriela Figueiredo Dias referiu, ainda, que irá enviar o documento referido por Carlos Tavares para a comissão de inquérito. Referindo que não deverá haver qualquer reserva no seu envio, depois do pedido feito pelo presidente da comissão, Fernando Negrão.
Ao contrário do que terá dito Carlos Tavares, ex-presidente da CMVM, aos deputados sobre um relatório secreto à semelhança do relatório Costa Pinto sobre avaliação do Banco de Portugal no caso BES, Gabriela Figueiredo Dias diz que a informação que está no documento é anterior à resolução do BES e já toda a informação "foi partilhada em outras comissões de inquérito ao BES
A líder da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), cujo mandato termina no final de junho, explicou, antes mesmo da sua intervenção inicial na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução, que o trabalho feito para aquele documento, não é da minha responsabilidade. Reúne informação de supervisão das diversas áreas e departamentos da CMVM sobre o BES". Acrescentou ainda ser "tão secreto quanto toda a outra atividade de supervisão da CMVM". Diz também que já toda a informação foi partilhada em comissões de inquérito anteriores.
Aliás, diz mesmo que o relatório, ou seja o documento, "foi da iniciativa do Dr. Carlos Tavares. Não pode dizer-se que foi por mim coordenado. O objectivo do trabalho conduzido foi feito a várias mãos", ou seja por vários departamentos, 5 ou 6 que permitiram juntar informação. A presidente da CMVM diz que "o documento é neutro, não permite retirar conclusões nenhumas. É factual".