Economia

Há desvios nas desvalorizações de imóveis e fundos do Novo Banco mas métodos de avaliação são "legítimos", diz Gabriela Figueiredo Dias

Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM
Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM
Tiago Miranda

Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM, diz que há desvalorização de imóveis e fundos de reestruturação do Novo Banco face a outros bancos porque há metodologias diferentes de avaliação. No que diz respeito àquelas que são utilizadas para os fundos de reestruturação pelo Novo Banco e pelas sociedades gestoras que apontam desvios significativos, afirma que ambas "são aceitáveis"

Há desvios nas desvalorizações de imóveis e fundos do Novo Banco mas métodos de avaliação são "legítimos", diz Gabriela Figueiredo Dias

Isabel Vicente

Jornalista

A presidente da CMVM diz que se registaram desvios nas avaliações feitas pelo Novo Banco a imóveis e a fundos por comparação com outros bancos, mas também concluiu que as diferenças notadas na valorização dos ativos advém de métodos diferentes na avaliação dos pressupostos, contexto e objetivos económicos, embora considere que os diferentes métodos "são legítimos".

Gabriela Figueiredo Dias, que esteve esta segunda-feira na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, esclareceu os deputados que a CMVM fez uma análise sobre a valorização das participações detidas pelo Novo Banco nos fundos de Reestruturação dado o banco ter registado perdas avultadas pedindo ao Novo Banco quais os pressupostos aplicados já que havia "um desvio significativo" das unidades de participação por parte da avaliação feita pelas entidades de gestoras.

Em causa está o facto de serem normalmente as sociedades gestoras dos fundos de reestruturação que dão a cotação dos fundos aos bancos que detêm unidades de participação, mas em 2020 o Novo Banco quis fazer uma avaliação independente desses fundos e o resultado foi diferente.

"Foi solicitada informação qualitativa e não apenas quantitativa e o Novo Banco fê-lo a 28 de maio completando a informação financeira", refere Gabriela Figueiredo Dias na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

Da informação dada pelo Novo Banco, Gabriela Figueiredo Dias afirma que "a avaliação dos ativos imobiliários rondaram valores superiores a 10%, a que acresceu uma desvalorização transversal dos ativos na ordem dos 12,5%".

Para explicar o diferencial entre a avaliação das sociedades gestoras onde estão colocados os ativos e nas quais os bancos têm unidades de participação, a responsável da CMVM afirma que "as diferenças de valorização verificadas resultam de diferentes metodologias de avaliação". E, prossegue, concluímos que "quer as metedologias, quer os pressupostos são aceitáveis, não levantam problemas".

Contudo, não arrisca fazer qualquer comentário sobre se as perdas resultantes dessa avaliação por parte de uma avaliação do Novo Banco teve impacto na chamada de dinheiro ao Fundo de Resolução. Diz mesmo que não cabe à CMVM definir os rácios ou os pressupostos., mas que “formalmente aquela avaliação usou um método legítimo”.

Gabriela Figueiredo Dias esclarece ainda, depois de questionada, que a CMVM fez um exercício comparativo com outros bancos e "o intervalo de desconto do Novo Banco está encostado ao quartil superior".

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