CEO garante que Bruxelas valida prémios de €4 milhões e salários acima do limite no Novo Banco
Bruxelas diz que política de remunerações está “completamente executado”, segundo António Ramalho
Bruxelas diz que política de remunerações está “completamente executado”, segundo António Ramalho
Jornalista
Jornalista
A Comissão Europeia validou a atribuição de prémios de quase 4 milhões de euros aos administradores executivos do Novo Banco, bem como o facto de o CEO, António Ramalho, e o presidente do conselho geral e de supervisão, Byron Haynes, terem salários acima do limite definido em 2017.
“Foi discutido com a Comissão Europeia, naturalmente deu o acordo para que, em casos em que o salário fosse superior acima àquilo que era o valor estimado, fosse diferido. Não há qualquer ilegalidade”, defendeu António Ramalho na sua audição desta quarta-feira, 19 de maio, na comissão parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
Segundo declarou, o compromisso negociado com a Comissão Europeia em 2017, ano da venda e criação do mecanismo de capital contingente, relativo à política de remunerações está “completamente executado”, segundo a mais recente avaliação de Bruxelas.
O banco estava impedido de pagar remunerações acima de dez vezes o salário médio do banco, mas não de atribuir pagamentos acima e diferi-los para depois do fim do plano de reestruturação, que acaba em 2021. Aliás, o CEO diz que até já podia ter deixado cair esse limite em junho de 2020, por andar a cumprir os compromissos.
António Ramalho teve, em 2020, um salário de 400 mil euros, mas, como o limite é de 367 mil euros, fica com cerca de 33 mil euros diferidos, para receber no futuro. O salário “é abaixo” do pago aos restantes banqueiros, mas “a situação do banco é diferente, é normal que aconteça”. “Este salário achei-o natural”, disse.
“Esse assunto foi uma dúvida que a Comissão Europeia teve. Depois reanalisou e veio dizer que cumpríamos todas as políticas”, ressalvou.
Além do salário diferido, de Ramalho e de Byron Haynes, que totalizam 163 mil euros nos últimos três anos, também há prémios atribuídos à gestão de 4 milhões, em dois anos, que serão pagos a partir de 2022. O Fundo de Resolução descontou a parcela dos prémios das capitalizações pedidas pelo banco, mas não os salários acima do teto definido, assumiu o vice-governador, Luís Máximo dos Santos, na audição de terça-feira.
“Este dinheiro não é pago pelo Fundo de Resolução. O Fundo de Resolução apenas paga sobre prejuízos existentes num conjunto de ativos, este dinheiro é pago pelo banco”, disse, garantindo que é o comité de remunerações – e não o próprio banco – que decide os valores. Esse comité é presidido por Byron Haynes, o presidente do conselho geral e de supervisão que recebe um salário acima do limite.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt