Sustentabilidade. O vinho verde quer ser mesmo verde

"Verde é o nosso nome e queremos que seja o nosso futuro", diz Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV
"Verde é o nosso nome e queremos que seja o nosso futuro", diz Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV
Jornalista
"Verde é o nosso nome e queremos que seja o nosso futuro", afirma Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV - Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, na apresentação da Estratégia de Sustentabilidade para a Região dos Vinhos Verdes, esta quinta-feira.
O projeto, que começou para ser pensado para 2020, mas foi adiado por força de outras prioridades do sector, como a reação ao impacto da covid-19, tem como objetivo adaptar a região numa perspectiva de futuro, assumindo que "a natureza é a base do negócio" e foi desenvolvido em parceria com a AgroGes.
No seu desenho, a prioridade é chamar todos os produtores e intervenientes da fileira a implementarem as melhores práticas e a envolveram-se neste desafio que, no final, visa também valorizar o vinho, respondendo diretamente às tendências da procura em muitos mercados onde o Verde já está presente.
Ao mesmo tempo, há custos que podem ser reduzidos, como prova o trabalho já feito nesta área no Alentejo, onde "o consumo de água na produção de um litro de vinho caiu 64%, de 14 para 5 litros", de acordo com os dados apresentados por João Barroso, coordenador do Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.
Mas tendo a sustentabilidade como alvo há muitas outras áreas de intervenção, até porque 50% da pegada de carbono do vinho tem a ver com a embalagem e o transporte, começou por indicar a Agrogés, deixando claro que no que respeita à embalagem 30% da pegada vem da garrafa de vidro.
Para Manuel Pinheiro, interessa desde já "ajudar os produtores a melhorarem as suas práticas para que mais tarde possam inscrever-se em sistemas de certificação" e, para isso, o potencial de valorização do vinho é um trunfo de peso a usar, em especial em mercados como os do norte da Europa.
Mas para além das práticas de produção de vinho amigas do ambiente, também está em causa a ligação às comunidades locais, o que passa pela estabilidade laboral, condições de segurança e higiene no trabalho e remuneração de uvas e trabalhadores numa região que soma 16 mil viticultores e mais de 300 engarrafadores, já assumiu a ambição de ter rótulos nas prateleiras acima dos 10 euros e apresenta-se como uma das duas maiores do país em área, a par do Alentejo, no segundo lugar no ranking das vendas em Portugal, atrás do Alentejo, e também é segunda na exportação, a seguir ao Douro.
No entanto, só sete entidades na região têm áreas superiores a 50 hectares, com as propriedades entre 1 a 5 hectares a destacarem-se com uma quota de 35%, diz o estudo da Agrogres que suporta a nova estratégia verde do Verde. Nas exportações, que representam 55% das vendas do sector, o vinho verde faturou €73 milhões em 2020, mais 10,6% do que um ano antes.
E qual o valor a investir? "Tudo vai agora depender do plano que vamos desenhar em função da resposta dos produtores", responde Manuel Pinheiro
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