Depois de falhanço, Governo volta a avançar com a venda da Caixa Geral de Depósitos no Brasil
Conselho de Ministros relança processo que representava um dos compromissos assumidos por Bruxelas que ficou por cumprir
Conselho de Ministros relança processo que representava um dos compromissos assumidos por Bruxelas que ficou por cumprir
Já se esperava dentro do banco público que estivesse para breve e assim foi. O Governo relançou o procedimento que determina a venda da unidade que a Caixa Geral de Depósitos tem no Brasil, segundo uma decisão saída da reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira, 6 de maio. Em 2020, o processo de venda - ao qual só tinham respondido dois investidores - foi cancelado.
“Foi aprovada a resolução que determina o relançamento do processo de alienação das ações representativas da totalidade do capital social da sociedade Banco Caixa Geral - Brasil, S.A.”, indica o comunicado divulgado após essa reunião.
A alienação do banco que tem no Brasil é um dos compromissos que ficou por cumprir do plano estratégico que tinha sido acordado entre o Estado português e a Comissão Europeia em 2017, para compensar a capitalização de 3,9 mil milhões de euros recebida. Esse plano já foi concluído com sucesso, colocando fim a amarras que Bruxelas tinha sobre o banco público desde 2012, mas só agora é dado um novo passo para uma transação que ali estava prevista.
A venda no Brasil - unidade que tinha no fim do ano passado 192 milhões de euros em ativos (face a 324 milhões um ano antes) - tem sofrido vários atrasos, sendo que o primeiro processo iniciou-se com as operações de venda dos bancos em Espanha e na África do Sul, concretizadas em 2019. A turbulência política e económica foi adiando este passo no Brasil, que volta a dar este novo passo já praticamente a meio de 2021.
O Governo cancelara o processo em 2020 quando havia dois interessados (Artesia Gestão e Recursos e o Banco ABC), e após o Banco Luso Brasileiro, de que o Grupo Amorim detém 43% do capital, ficar pelo caminho. O cancelamento ocorreu por não estarem "reunidas as condições para que qualquer das propostas apresentadas possa ser aceite, não se encontrando suficientemente garantida, à luz do interesse público, a concretização dos objetivos subjacentes ao processo de alienação".
Além do Brasil, está também ainda por vender a participação da CGD no cabo-verdiano Banco Comercial do Atlântico. "Estas operações visaram a racionalização da estrutura internacional do Grupo CGD, permitindo uma libertação de capital e redução do seu perfil de risco", indica o relatório e contas. O banco liderado por Paulo Macedo tem imparidades já constituídas de 49 milhões de euros para eventuais perdas com as duas primeiras operações.
A unidade brasileira não é de retalho, havendo apenas um balcão. É mais focado na banca de empresas e de investimento, oferecendo assessoria para financiamento de projetos de fusões e aquisições.
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