Sindicato dos Jornalistas denuncia atrasos no pagamento de indemnizações na Global Media
Marco Galinha, do grupo Bel e acionista do "Jornal Económico", lidera a Global Media
Marcos Borga
Grupo que detém o "Jornal de Notícias", “Diário de Notícias” e a TSF não pagou este mês a parte acordada no pagamento faseado da indemnização aos trabalhadores que foram alvo do mais recente despedimento coletivo
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) denunciou esta quarta-feira que o Global Media Group (GMG) – que detém o “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias”, TSF e “O Jogo”, além de algumas revistas – não pagou este mês parte da indemnização aos trabalhadores que foram alvo do mais recente despedimento coletivo.
“Esse acordo implica o pagamento faseado (mensal) da indemnização por cessação do contrato o que, em alguns casos, não aconteceu este mês”, diz o sindicato em comunicado. “Até ao momento não foi dada qualquer justificação aos lesados para a falta de pagamento, sendo que a empresa não teve sequer o cuidado de os contactar previamente a avisar do ‘atraso’, o que tratando-se de desempregados, na sua maioria a passar por graves dificuldades financeiras, é, além do mais, deplorável.”
Esta situação vem juntar-se aos atrasos no pagamento, em abril e relativo a fevereiro, de “trabalhadores precários” que trabalham “a recibo verde” em várias publicações do grupo.
Recorde-se que recentemente a Global Media pediu a adesão ao Regime de Apoio à Retoma Progressiva da Atividade, uma medida que entra em vigor em maio e se prolonga até setembro e vai implicar uma redução de até 40% no tempo de trabalho e um corte em salários brutos superiores a 1.995 euros por mês. Uma medida que avançou poucos meses depois de a empresa ter feito um despedimento coletivo de 81 trabalhadores, 17 dos quais jornalistas.
“Ainda antes destes incumprimentos, o GMG anunciou que em face da quebra de faturação ocorrida nos meses de janeiro e fevereiro, iria recorrer ao Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva, através de reduções do PNT [período normal de trabalho], o que para além de confirmar um cenário de grande dificuldade financeira, na ótica do Sindicato, vai comprometer, necessariamente, a qualidade do jornalismo praticado, principalmente nas redações dizimadas pelo último despedimento coletivo”, alerta o organismo ainda liderado por Sofia Branco.
O sindicato recorda que, perante este cenário, solicitou uma reunião urgente à administração do grupo, mas ainda aguarda a marcação de uma data. “Os delegados sindicais não receberam qualquer resposta”, escreve.
E recorda que o empresário Marco Galinha – que se tornou acionista e presidente do conselho de administração da Global Media há cerca de seis meses – anunciou na altura planos de investimento para o grupo e para os seus trabalhadores (nomeadamente aumentos salariais), que até à data não se verificaram. Mais recentemente, o empresário refere “um cenário de grande dificuldade”.
“Ora o SJ estranha o volte-face no discurso do administrador, e exige ser informado da real situação financeira da empresa, exige saber se os planos de investimento anunciados vão ser concretizados, e classifica de grave o protelar no agendamento de reuniões com os seus representantes dos trabalhadores, por gerador de um ambiente de trabalho de insatisfação e muita insegurança.”