Governo ainda não entregou nenhum e-mail nem documento à comissão ao Novo Banco

Comissão de inquérito insistiu em novo pedido para que Governo remeta correspondência trocada sobre Novo Banco
Comissão de inquérito insistiu em novo pedido para que Governo remeta correspondência trocada sobre Novo Banco
Jornalista
O Governo, mais propriamente o Ministério das Finanças, não entregou nenhum dos documentos que foi solicitado pela comissão parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco, confirmaram dois deputados da iniciativa esta quarta-feira.
“Gostaria de dar nota que o Governo não enviou qualquer documentação. O Governo está em falta para com a comissão de inquérito”, quis frisar a deputada bloquista Mariana Mortágua esta quarta-feira, 10 de março, na primeira audição no âmbito desta iniciativa parlamentar.
Os deputados solicitaram a correspondência relacionada com o Novo Banco que foi trocada com várias entidades, desde a própria instituição financeira ao Banco de Portugal, passando pelo BCE, os auditores e Comissão Europeia. Também foi requerida ao Executivo documentação ligada ao banco, criado em 2014 e vendido em 2017, quando foi definido um novo plano de reestruturação, com compromissos por cumprir assumidos perante Bruxelas.
“Nem correspondência, nem os compromissos com a União Europeia” chegaram à comissão, defendeu a deputada Mariana Mortágua.
“Há de facto, um atraso”, confirmou o deputado social-democrata Fernando Negrão, que preside à comissão de inquérito. Foi enviado “um novo ofício, renovando a necessidade urgente de documentação”, acrescentou.
Além do Governo, o Banco de Portugal não enviou toda a documentação requerida. Mariana Mortágua revelou que a correspondência remetida diz respeito apenas a carta, e não por e-mail. “A questão é saber se a documentação que a comissão está a receber é útil, ou faz número e não vai aos pontos essenciais”, lembra.
Da parte da Comissão Europeia, há um obstáculo chamado tradução: “não porque não tenhamos meios, mas por causa dos custos”, disse Fernando Negrão. O presidente referiu que a tradução de um dos documentos custa cem mil euros, pelo que os deputados têm de decidir efetivamente o que vão pedir a Bruxelas (a deputada Cecília Meireles questionou esse facto, dizendo que a língua da Comissão não é o inglês, pelo que tem de ser capaz de ler a documentação em todas as línguas).
A comissão de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução pretende olhar para os factos em torno da constituição deste banco, em 2014, até à atualidade, passando pelo momento da venda.
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