Um ano depois do início da pandemia em Portugal, o pior pode ainda estar para vir para as empresas. Em 2020, as que fecharam até foram menos do que em 2019. Mas com o país de novo em confinamento, números devem agravar-se, antecipam os especialistas ouvidos pelo Expresso
Ainda estamos no meio do turbilhão. Não podemos fazer um balanço final das perdas para a economia porque ainda se vão avolumar mais.” As palavras são de Miguel Cardoso Pinto, líder da EY-Parthenon, o braço de estratégia da consultora EY. E aponta que, ao nível dos encerramentos de empresas, por exemplo, “o cenário, daqui a alguns meses, pode ser bem pior do que agora”. Afinal, num estudo recente do Banco de Portugal, “42% das empresas de restauração disseram só ter capacidade para sobreviver mais cinco meses”, lembra.
Com empresas e famílias ligadas, em muitos casos, ao ventilador — leia-se os apoios extraordinários criados pelo Governo para fazer face à crise associada à pandemia de covid-19 (ver caixa) —, o número de empresas a fechar portas em 2020 até ficou abaixo de 2019, indicam os dados da consultora Informa D&B. O recuo nos encerramentos foi de 24,7%, para as 13.424 empresas. Olhando apenas para as falências, registaram-se 2273 novos processos de insolvência, mais 3,5% do que em 2019, assinala a Informa D&B. E o sector em destaque pela negativa é o alojamento e restauração, com um aumento de 58%, para 293 novos casos. Ora, este é precisamente um dos sectores mais vergastados pela crise.
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