Corrida às máscaras FFP2. Portugal também faz estes respiradores
Com a capacidade de produção nacional só haveria uma máscara diária para metade da população
Com a capacidade de produção nacional só haveria uma máscara diária para metade da população
Jornalista
As notícias de que alguns países, como a Alemanha, estão a recomendar ou exigir máscaras do tipo FFP2 para garantir a proteção da população face à evolução da pandemia e das novas estirpes do vírus, também fez disparar a procura em Portugal, onde a indústria têxtil se adaptou às novas exigências do mercado e à produção de máscaras mas apostou pouco neste tipo de soluções.
Mas qual é a capacidade de produção nacional para se auto-abastecer neste produto? Nesta fase, em Portugal, a capacidade de produzir este tipo de respiradores certificados é limitada a umas 30 empresas que não chegarão para satisfazer as necessidades do país, mesmo se trabalharem 24 horas por dia, apesar da cadência da produção ser elevada e estar automatizada, permitindo a cada máquina fazer duas peças por segundo.
“Não posso dar números precisos, mas numa conta rápida, se tivermos 30 máquinas a trabalhar no país, temos capacidade para produzir 4,5 milhões de máscaras por dia, o que significa que não há sequer uma máscara para cada português”, diz Braz Costa, diretor-geral do Citeve, por onde passou grande parte do trabalho de desenvolvimento e certificação de máscaras no país.
Neste momento, longe do pico que o negócio assumiu no verão passado, Portugal tem 1.500 modelos certificados e mil empresas a fazer máscaras, contribuindo com um impulso positivo superior a 100 milhões de euros nas exportações, mas apenas 30 terão apostado nos respiradores. Assim, na estimativa da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal há 15 a 20 mil empregos em risco se as máscaras sociais foram postas de parte.
Mas caso a proliferação da pandemia e das novas variantes do vírus SARS-CoV- 2 obrigar à revisão das medidas de prevenção da covid-19 e tornar necessária a recomendação de máscaras com níveis de filtração superiores a 90% ou 95%, a indústria lusa quer deixar claro à Europa e ao mundo que “as máscaras em tecido podem oferecer essa garantia e até já têm soluções devidamente certificadas”.
"Não faltam máscaras reutilizáveis em Portugal devidamente certificadas, de acordo com a norma EN 14683”, “exatamente com as mesmas especificações técnicas dos respiradores FFP2, na norma europeia, N95, na norma americana ou KN95 na norma chinesa e capacidade de filtração acima dos 90%”, coincidem em afirmar os presidentes da ATP e da ANIVEC, juntos na nova missão em defesa das máscaras sociais e profissionais produzidas em Portugal.
A maioria da população terá comprado máscaras de nível 3, com capacidade de filtração mais baixa, acima dos 70%. Mas se as novas estirpes exigirem proteção mais elevada, superior a 90%, também há oferta nas máscaras comunitárias de nível 2, garantiram ao Expresso a 26 de janeiro e confirmou o Citeve: “20% das máscaras têxteis qualificadas como máscaras de nível 2 pelo Citeve já oferecem níveis de filtração superiores a 95%”, sublinhou Braz Costa, adiantando que tal como no início do ano passado, quando a equipa do Citeve começou a trabalhar com a indústria para poder oferecer máscaras sociais de qualidade ao mundo, já está de novo a estudar o assunto e tudo o que envolve as FFP2.
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