Reestruturação. Banco passa por processo de limpeza, mas é preciso mais. Associação tem também problemas por resolver
Em julho de 2012, Mario Draghi, então presidente do Banco Central Europeu, declarou que tudo iria fazer para preservar o euro. “Acreditem em mim, será suficiente.” E foi. O euro manteve-se, depois de anos de dúvidas sobre a sua sobrevivência. Em março de 2018, António Costa, primeiro-ministro de Portugal, assegurou que tudo iria fazer para proteger quem acreditou no Montepio. “Faremos tudo para proteger as 600 mil famílias que confiaram numa instituição e que têm aí as suas poupanças.” Ninguém perdeu dinheiro, mas a afirmação, com quase três anos, não foi suficiente para retirar incertezas sobre a maior associação mutualista do país, que é dona do sexto maior banco português.
Há um ano com uma nova presidência assegurada por Virgílio Lima, a Montepio Geral — Associação Mutualista (MGAM) está, neste momento, a tentar resolver o peso que os créditos e outros ativos problemáticos — herança de gestões passadas — têm no seu Banco Montepio, que rivaliza com o Novo Banco nos rácios de solidez menos robustos do sistema bancário português. A preocupação da associação com a entidade bancária justifica-se, tendo em conta que, nas contas consolidadas, o banco representa 85% do ativo do grupo. E, sem banco, torna-se difícil vender os seus produtos mutualistas, a sua fonte de receitas.
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