A administração da Media Capital, proprietária da TVI, alertou para os riscos vindos de uma eventual demora na oferta pública de aquisição (OPA) lançada por Mário Ferreira. A operação está, neste momento, dependente da avaliação que está a ser feita pelo auditor, que vai determinar o preço, que não tem data para terminar.
“O conselho de administração entende que o tempo de execução da oferta não é indiferente para efeitos da aferição sobre o mérito da mesma, uma vez esta se protele significativamente no tempo, caso em que, o decurso do tempo pode afetar a razoabilidade dos termos da oferta agora analisada”, é uma das conclusões deixadas pelo conselho de administração no relatório sobre a oportunidade e as condições da OPA.
Com 30,22% da Media Capital, a Pluris, de Mário Ferreira, está obrigada a lançar uma OPA sobre capital que não detém (69,78%), por conta da concertação de votos com a Prisa (que entretanto vendeu a sua participação a outros acionistas, que agora estão representados na administração). No relatório da administração, nem Mário Ferreira, que é o presidente, nem Paula Ferreira, também representante da Pluris, se pronunciam.
A OPA de Mário Ferreira foi lançada com um preço mínimo de 67 cêntimos, que é o preço a que os acionistas como tintas CIN e a Triun adquiriram as ações à Prisa. “A contrapartida equivalente a 0,67 euros por ação afigura-se adequada, em linha com os preços praticados em transações recentes, que são, aliás, do domínio público”, indica o relatório. Este montante fica 60% do valor por ação que Mário Ferreira pagou em maio para ficar com 30% da dona da TVI, Rádio Comercial e Plural.
Só que o valor pode não ser este (e é por isso que a operação se pode demorar). Há um auditor independente a avaliar a Media Capital, que vai ditar o preço mínimo a pagar numa OPA (que terá de ser respeitado pela Cofina na sua OPA sobre a empresa – já Mário Ferreira terá de pagar 2% acima, já que a sua é considerada oferta concorrente). “O conselho de administração reservar-se-á para o futuro a pronúncia sobre uma contrapartida mínima que venha a ser determinada por auditor independente”. Não há data para esse relatório ser entregue.
Para já, nenhum dos administradores que é acionista se compromete com qualquer posição sobre se irá manter ou não as suas participações no capital da Media Capital. Segundo noticiou o Sol, qualquer venda acima dos 67 cêntimos por ação que pagaram à Prisa teria como resultado a entrega da mais-valia ao grupo espanhol. Apesar de os administradores não se comprometerem, a administração diz que a estrutura acionista da Media Capital encontra-se, agora, “estabilizada”.
Ao longo do relatório, a administração deixa considerações positivas sobre a ideia da Pluris para a Media Capital: “No que respeita ao plano estratégico a ser prosseguido pela oferente relativamente à atuação da sociedade visada e dos seus negócios, o conselho de administração acolhe favoravelmente os termos da oferta”.
A OPA obrigatória, imposta pela CMVM, decorre quando está em curso um processo de contraordenação na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) visando o dono da Douro Azil, e também no próprio regulador do mercado de capitais há dúvidas sobre a nomeação da gestão na empresa quando se preparava a entrada de Mário Ferreira na TVI.
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