Tal como esperado, a taxa de desemprego em Portugal agravou-se no terceiro trimestre, atingindo 7,8%, o que compara com 5,6% no segundo trimestre, indicam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quarta-feira.
Mais ainda, o INE destaca que o número de desempregados atingiu as 404,1 mil pessoas, o que significa um aumento de 45,1% (mais 125,7 mil pessoas) face ao segundo trimestre. É a "taxa de variação trimestral mais elevada da série iniciada em 2011", frisa o INE.
Já na comparação homóloga, ou seja, em relação ao terceiro trimestre de 2019, o número de desempregados aumentou 24,9% (mais 80,7 mil pessoas).
Recorde-se que apesar do impacto da pandemia de Covid-19 na economia e no mercado de trabalho, a taxa de desemprego até começou por descer, no segundo trimestre, fruto do conceito usado pelo INE, que segue as orientações da Organização Internacional do Trabalho e do Eurostat.
Assim, para ser considerada desempregada uma pessoas tem não apenas de não ter um posto de trabalho, como procurar ativamente emprego e estar disponível para aceitar uma vaga que surja. Condições que muitas pessoas não cumpriam durante o período do confinamento, levando ao engrossar das fileiras dos inativos. Mas, com o desconfinamento a avançar progressivamente a partir de maio, essa questão acabou por ser ultrapassada, com a taxa de desemprego a refletir o impacto negativo da pandemia, subindo no terceiro trimestre.
Com especial destaque para os jovens entre os 15 anos e os 24 anos. A taxa de desemprego neste grupo etário subiu para 26,4% no terceiro trimestre, o que compara com 19,9% no trimestre anterior e 17,9% no terceiro trimestre do ano passado.
Ao mesmo tempo, o emprego também aumentou no terceiro trimestre face aos três meses anteriores, refletindo o impacto do desconfinamento. Segundo o INE, a população empregada atingiu 4,7999 milhões de pessoas, subindo 1,5% (mais 68,7 mil pessoas) por comparação com o trimestre anterior,
Contudo, na comparação homóloga, a população empregada diminuiu 3% (menos 147,9 mil pessoas).
O INE refere ainda que a população empregada ausente do trabalho na semana de referência diminuiu 24,4% (menos 263,3 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior. Uma queda que sinaliza um menor número de pessoas abrangidas pelo regime de lay-off, já que estas pessoas embora mantendo-se empregadas, estavam ausentes do posto de trabalho.
No entanto, na comparação homóloga, a população empregada ausente do trabalho aumentou 6,5%. Ou seja, mais 49,4 mil pessoas do que no terceiro trimestre de 2019.
"De modo semelhante, observou-se um acréscimo trimestral de 17,4% e uma redução homóloga de 7,2% do volume de horas efetivamente trabalhadas", indica o INE.
Nota ainda para a subutilização do trabalho, que dá uma medida do desemprego em sentido lato (abrange os desempregados 'oficiais', o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente emprego, e os inativos que procuraram trabalho mas não estavam disponíveis no imediato) e que abrangeu 813,7 mil pessoas no terceiro trimestre.
É um valor que aumentou 8,7% (mais 65 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 21,9% (mais 146 mil pessoas) em relação ao homólogo.
A taxa de subutilização do trabalho, estimada em 14,9%, aumentou 0,9 pontos percentuais relativamente ao trimestre precedente e 2,7 pontos percentuais por comparação com um ano antes. "O aumento da subutilização do trabalho foi explicado maioritariamente pelo aumento do desemprego", frisa o INE.