A covid-19 está a ter um impacto muito significativo no comércio internacional de bens e serviços, principalmente na venda de combustíveis, automóveis e bebidas e também de serviços de viagens e turismo. Os meses mais negros foram abril e maio - quando o país e a Europa estavam em plena quarentena - recuperando depois nos meses seguintes, principalmente em agosto, mas os indicadores continuam negativos e longe de recuperar as descidas abruptas daqueles dois meses.
A prova está nos dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal (BdP). Nos piores meses - abril e maio - o valor conseguido com a exportação de bens caiu, respectivamente, 41% e 39%, e nos serviços a queda foi de 56% e 62%. sendo os sectores mais afectados os combustíveis, os materiais de transporte e acessórios e os serviços de turismo. Por exemplo, de acordo com os mesmos dados, as exportações de serviços turísticos atingiram um valor de €202 milhões em abril, menos 85% que os €1,4 mil milhões registados no mesmo mês de 2019. E o comércio internacional de materiais de transporte recuou 88% em maio, caindo de mais de mil milhões de euros no mesmo período de 2019 para pouco mais de 200 milhões em maio deste ano.
A recuperação chega assim que o país - e a Europa - começa a aligeirar as medidas de luta à covid-19, mas foi muito mais evidente nas exportações de bens do que nas de serviços. Assim, em junho e julho, a quebra no valor das exportações de bens foi de 9,8% e 7,1% - muito menos que os cerca de 40% dos meses anteriores - e nos serviços a descida foi de cerca de 50%. E agosto foi ainda mais positivo, com descidas de apenas 1,4% no comércio internacional de bens e de 45% nas vendas de serviços. Ou seja, tudo somado, nos primeiros oito meses do ano, o valor das exportações de bens foi de 34 mil milhões de euros, menos 14,1% que no mesmo período de 2019. Já o valor das exportações de serviços foi de cerca de 14,3 mil milhões de euros, menos 39,7%.
Setembro e outubro poderão revelar-se meses ainda mais positivos mas, tendo em conta o recente aumento de casos de covid-19, as perspectivas de que o pico desta segunda vaga só acontecerá daqui a três semanas, as novas restrições que o Governo anunciou no sábado e, ainda, porque os principais mercados receptores estão também em dificuldades económicas devido à pandemia, é difícil de prever como serão os últimos meses do ano e até o próximo ano.
De facto, de acordo com dados do INE e do BdP, de janeiro a agosto de 2020, as exportações de bens para os países da União Europeia (UE) caíram 13,4% para €24,3 mil milhões, para os países fora da UE recuaram 15,8% para €9,7 mil milhões, e para os PALOP a descida foi de 20% para 979 milhões de euros.
Foi com tudo isto em mente que o Expresso e o Novo Banco se associaram para debater este tema num projeto chamado “Mês das Exportações” que, como o nome indica, irá prolongar-se durante quase todo o mês de novembro. O primeiro encontro acontece já esta segunda-feira, 2 de novembro, com um debate digital transmitido no Facebook do Expresso, a partir das 16h30. A abertura da sessão caberá ao CEO do Novo Banco, António Ramalho; seguido-se depois um painel sobre os desafios das exportações que contará com o CEO da Rangel, Nuno Rangel, e com o administrador da Quidgest, João Paulo Carvalho, e ainda um painel sobre as perspectivas para 2021, com intervenções do presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, e o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), Rocha de Matos.
O projeto continuará, editorialmente, no Expresso online e na edição impressa, até dia 23 de novembro, sendo que pelo meio haverá um outro evento - o Portugal Exportador - que decorrerá dia 18 de novembro na Feira Internacional de Lisboa (FIL).
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