Economia

“As plataformas de comércio online são autênticos pequenos países de exportação”

A jornalista da SIC, Rosa Oliveira Pinto moderou o debate online desta tarde que contou com a presença de António Ramalho, João Paulo Carvalho e Nuno Rangel (na foto da esquerda para a direita). Luís Castro Henriques e Jorge Rocha de Matos também foram convidados
A jornalista da SIC, Rosa Oliveira Pinto moderou o debate online desta tarde que contou com a presença de António Ramalho, João Paulo Carvalho e Nuno Rangel (na foto da esquerda para a direita). Luís Castro Henriques e Jorge Rocha de Matos também foram convidados

Projetos Expresso. O ‘Mês das Exportações’, uma iniciativa do Expresso e do Novo Banco, arrancou esta segunda-feira com um debate online, mas prolongar-se-á durante quase todo o mês, culminando no Portugal Exportador, a 18 de novembro da FIL

“As plataformas de comércio online são autênticos pequenos países de exportação”

Ana Baptista

Jornalista

Os desafios que se colocam às exportações em tempos de pandemia e no pós-covid, e as perspectivas para 2021, num momento em que há mais dúvidas do que certezas, foram os temas principais do debate digital que deu o pontapé de saída do ‘Mês das Exportações’, uma iniciativa do Expresso e do Novo Banco. No encontro desta tarde juntaram-se António Ramalho, CEO do Novo Banco; Nuno Rangel, CEO da Rangel; João Paulo Carvalho, administrador da Quidgest; Luís Castro Henriques, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP); Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP). Estas foram as principais conclusões.

Uma ligeira recuperação

  • Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal (BdP) mostram descidas dramáticas no valor das exportações portuguesas nos meses de abril e maio (cerca de 40% em cada um dos meses), mas nos meses seguintes já se verificou uma recuperação destes indicadores.
  • “Em agosto, a queda foi de apenas 1,4% e vejo isso com bons olhos”, diz Nuno Rangel, lembrando, contudo, que o impacto daqueles dois meses foi pesado. “Nos primeiros oito meses do ano a queda foi de 14,1% o que significa um mês inteiro de exportação. São 5,5 mil milhões de euros”, nota. Por isso é que João Paulo Carvalho diz que essa recuperação “ainda não é visível”, até porque “o anterior normal” nunca mais voltará a existir.
  • “Esta crise é completamente diferente da anterior porque tínhamos os mercados abertos”, diz Rocha de Matos. Por isso é que, na crise de 2011, “foi nas exportações que assentámos grande parte da recuperação da economia portuguesa”, recorda António Ramalho. E resultou. Em dez anos, as exportações passaram de um peso de 28% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional para 44% e havia expectativas muito fortes para se chegar aos 50%. “Mas depois surge esta pandemia tão assimétrica quando imprevisível que nos coloca de novos desafios”, repara ainda António Ramalho.
  • Contudo, para o CEO do Novo Banco, apesar das mais de 50 mil empresas exportadoras portuguesas estarem ainda muito centradas no espaço europeu, elas são agora “mais capazes” do que eram há dez anos. Além disso, diz Nuno Rangel, estão agora mais bem preparadas para a segunda vaga da pandemia e para os desafios que daí advém. “Sabemos que a pandemia ainda não acabou e que os novos confinamentos vão afectar o negócio”.

Comércio online como alternativa

  • Para Nuno Rangel o facto de as empresas portuguesas estarem ainda muito focadas no mercado europeu - como António Ramalho mencionou - é uma realidade que tem de ser alterada. Aliás, esse é o grande desafio. “Portugal exporta cerca de 70% para a União Europeia (UE) e temos de alargar isso”.
  • Uma das formas de o fazer é através do comércio online, uma aposta que já estava em marcha antes de estalar a pandemia e que cresceu exponencialmente a partir de março deste ano, não só por causa do confinamento, mas porque “demonstrou ser uma actividade complementar às exportações normais. Estas plataformas de comércio online são autênticos pequenos países de exportação. Há muitas plataformas destas onde se podem exportar centenas e milhares de euros”, salienta Luís Castro Henriques.
  • E apesar de ser preciso aprender a trabalhar nessas plataformas, as empresas portuguesas souberam responder ao desafio. “Isto do comércio online parece muito bonito, ir à internet e fazer uns clicks, mas exige um grau de preparação a nível logístico, a nível legal - porque se exporta para países novos - exige adaptação dos produtos e às novas regras do comércio online. Mas, em março e abril vimos que a maior parte das empresas estava relativamente preparada e conseguiu adaptar-se. Até tínhamos capacidade em termos de infraestrutura”, explica ainda Castro Henriques, lembrando que, há já dois anos que o AICEP tem vindo a dar formação nesse sentido.

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