Google vai ser alvo de processo de grande envergadura nos EUA

O Departamento de Justiça e procuradores de 11 estados dos EUA juntaram-se para dar início àquele que já começou a ser apresentado como o maior processo judicial de abuso de concorrência das últimas décadas. A investigação tem por alvo as práticas do motor de busca Google, noticia a Reuters.

A agência noticiosa admite ainda que a lista de acusador poderá engrossar nos próximos tempos, uma vez que em alguns estados têm vindo a ser trabalhadas por procuradorias e grupos ativistas de outros estados.

Este "caso Google" tem vindo a ser comparado com aquele que na década de 1990 envolveiu a Microsoft e o browser Internet Explorer, ou o que levou à divisão da AT&T na década de 1970.

A Google já reagiu ao processo judicial iniciado pelo Departamento de Justiça.

Kent Walker, vicepresidente de Assuntos Globais da Google, reagiu alegando que processo do Departamento de Justiça é "defeituoso". “As pessoas usam o Google porque querem, e não porque foram forçadas a isso, ou porque não encontram alternativas”, referiu.

No blogue oficial da Alphabet (a empresa que detém a Google), o gestor compara os pagamentos para garantir destaque em serviços prestados pela AT&T, Verizon, Samsung, LG ou Microsoft aos custos que são suportados por diferentes marcas para garantir as melhores prateleiras de um supermercado.

No que toca aos motores de busca Kent Walker recorda que até o bing, motor de busca da Microsoft que concorre com o Google, também recorre a acordos com outras marcas para garantir destaque publicitário. “Estes nossos acordos passaram repetidamente nas análises de abuso de concorrência”, refere o responsável da Google.

Kent Walker também negou qualquer abuso de concorrência nos browsers, lembrando que, nos sistemas operativos Windows, o browser Edge (da Microsoft) já vem pré-carregado nos computadores, assim como o motor de busca predefinido pode muito bem ser o Bing. O facto de o Android ser disponibilizado em versões gratuitas para algumas marcas de equipamentos que, em alguns casos, preferem soluções alternativas também é apresentado como uma prova de que a Google tem realmente concorrência.

Entre os observadores, há quem relacione o avanço no processo judicial que sendo trabalhado desde há um ano com os debates políticos que, recentemente, apontaram como solução forçar as grandes “tecnológicas” americanas a uma divisão de negócios, para evitar a concentração de poder económico.

Democratas e Republicanos já terão dado mostras de estar de acordo com as investigações – e até como uma eventual divisão de negócios nas grandes tecnológicas, mas há um dado que não passa despercebido: os 11 procuradores que participam nesta acusação são todos de estado governados pelos Partido Republicano.