Sem surpresa, a TAP viu disparar os prejuízos do primeiros semestre de 2020, um período negro para a aviação, que faz com que a companhia esteja neste momento com apenas 30% da operação em atividade.
"A Covid-19 causou enormes prejuízos a toda a economia e à indústria de transporte aéreo em particular, com a TAP S.A. a registar um resultado líquido consolidado negativo de 582 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, o que representa 96% do resultado líquido do primeiro semestre do Grupo TAP (consolidado da TAP SGPS), que foi negativo em 606 milhões de euros", diz a empresa em comunicado enviado para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM).
A TAP S.A, onde está a atividade operacional da companhia, registou um prejuízo de 582 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, valor que compara com um resultado líquido negativo de 112 milhões apurado em igual período de 2019. Apesar do boom do turismo, em 2018 e 2019 a companhia, então liderada por Antonoaldo Neves, tinha apresentado prejuízos superiores a 100 milhões de euros.
A companhia transportou menos 4,9 milhões de passageiros no primeiro semestre deste ano, uma quebra de 62% no total de passageiros face ao transportado em igual período de 2019. Na primeira metade de 2019 tinham sido transportados 7,9 milhões de passageiros.
A penalizar as contas está a pandemia de Covid-19 que obrigou a uma paragem a fundo a partir de março, como a empresa reconhece. Em janeiro e fevereiro a tendência era de crescimento, com mais 13,4% de passageiros transportados face aos mesmos meses do ano anterior. Segundo a TAP a procura expressa em RPK (número de quilómetros percorridos por passageiro) cresceu 18,1% nesse período.
A transportadora adianta também que o resultado líquido negativo foi agravado pelos custos de excesso de cobertura de combustível (‘jet fuel’) no valor de 136,3 milhões de euros. Custos que dizem respeito a contratos fixos para aquisição de combustível que tiveram de ser mantidos, apesar da operação ter praticamente parado. Há ainda o efeito de desvalorização de moeda no valor de 58 milhões.
A TAP ainda que registou uma diminuição dos rendimentos operacionais em 55,4%, face ao mesmo período do ano anterior. As receitas de bilhetes recuaram 57,2%, uma quebra de 730 milhões de euros. Nos primeiros dois meses tinha havido um aumento de 19,4% nos rendimentos operacionais totais. As receitas dos bilhetes tinham crescido 20,8% (mais 71 milhões face aos mesmos meses de 2019).
Fruto da redução de atividade, os gastos operacionais também diminuíram, recuaram em 460 milhões de euros, menos 30% que no primeiro semestre de 2019.
O EBITDA (resultados operacionais depois de depreciações, amortizações e perdas por imparidade) dos primeiros seis meses do ano caiu 256,4 milhões de euros, fixando-se em -128,8 milhões (tinha registado um aumento de 54,4 milhões nos primeiros dois meses do ano).
Também o EBIT (resultado operacional) apresentou uma quebra de 256,4 milhões de euros, para -427,6 milhões, depois de em janeiro e fevereiro ter aumentado 35,7 milhões.
A TAP sublinha que adotou várias medidas no sentido de preservar a liquidez da empresa. E aponta-os: a suspensão o adiamento de investimentos não críticos, renegociação de contratos e prazos de pagamento, a não renovação de contratos de trabalhadores a termo, ou a adesão ao regime de ‘lay-off’ simplificado.
A empresa, liderada por Ramiro Sequeira, sublinha que o "consumo de caixa diário reduziu-se em aproximadamente 50% entre o mês de abril e o mês de junho de 2020, reflexo das iniciativas implementadas com o objetivo de conter o impacto da pandemia na tesouraria".
A TAP já recebeu cerca de 500 milhões de euros dos 1,2 mil milhões de euros autorizados por Bruxelas em auxílios de Estado.