
Leilão solar vai trazer baterias para Portugal, com mais concorrência, preços negativos e novas oportunidades
Leilão solar vai trazer baterias para Portugal, com mais concorrência, preços negativos e novas oportunidades
Editor de Economia
Num futuro mais próximo que distante, Portugal terá um mercado de eletricidade diferente. Com uma crescente incorporação de renováveis, o sistema elétrico passará a contar com baterias de larga escala que acumularão energia quando ela estiver mais barata e a venderão nos picos de consumo e quando as renováveis produzirem menos, funcionando como travão no preço que as centrais termoelétricas a gás natural cobrarão pela sua preciosa disponibilidade. Posto desta forma, poder-se-ia pensar que esta transformação afetará apenas as elétricas. Na verdade, as novas regras do jogo vão chegar a cada um de nós, consumidores de energia, proporcionando uma oportunidade de reduzir a “conta da luz”.
Este novo mercado pode chegar mais rápido do que o próprio sector esperava. Sinal disso é o facto de oito das 13 centrais solares que serão construídas até 2024 ao abrigo do leilão realizado esta semana incluírem 100 megawatts (MW) de baterias, em seis projetos da sul-coreana Hanwha Q Cells, um da Iberdrola e outro da Enel (dona da Endesa). Artur Patuleia, consultor da E3G, organização especializada na área das alterações climáticas e com sede em Londres, nota que “é a primeira vez que projetos de energia solar com baterias não necessitam de qualquer apoio público, e isso é um marco na evolução do processo de descarbonização dos sistemas elétricos”. “Em muitos países europeus, os projetos de baterias têm acesso a apoios públicos através de fundos de inovação ou, como no caso do Reino Unido, a mecanismos de garantia de potência. No caso dos EUA, é atribuído um apoio de 30% do capex [investimento] das baterias”, contextualiza.
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