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Economia

Covid-19. Banca já perdeu mais de €500 milhões em imparidades. E agora, há crise?

João Oliveira e Costa (BPI), António Ramalho (Novo Banco), Paulo Macedo (CGD) e Miguel Maya (BCP)
João Oliveira e Costa (BPI), António Ramalho (Novo Banco), Paulo Macedo (CGD) e Miguel Maya (BCP)

Pressão sobe na banca: malparado em alta, digitalização em força e balcões em redução num contexto de crise que fomenta a consolidação

Ninguém tem grandes dúvidas: quando acabarem as moratórias nos créditos, virão problemas para a economia, para o Estado e para a banca. O crédito malparado vai subir, os resultados vão ressentir-se (já estão, aliás, a antecipar esse efeito) e o impacto da pandemia será não só conjuntural como estrutural: a covid-19 veio intensificar a ligação da banca aos clientes através dos telemóveis, tornando a rede de balcões — há anos a ser esmagada — ainda mais dispensável. Este é um pequeno resumo do que está para vir, sendo que já chegou a fatura de €536 milhões que os bancos colocaram de lado especificamente para os efeitos da covid. Fica a pergunta de um milhão de euros (ou mais, talvez): os bancos vão precisar de mais capital para esta nova fase?

Há problemas antigos. Baixas rentabilidades e malparado em excesso, acima da média europeia. Os banqueiros e gestores não têm grandes dúvidas de que o embate da pandemia será forte a vários níveis, sobretudo nas imparidades (reconhecimento de perdas em ativos ou créditos), que, claro, afetam os resultados. A banca, como o resto da sociedade, ainda não tem uma vacina para o problema. Longe disso: mesmos os bancos que não se debatiam com níveis demasiado elevados de malparado e davam — ou começavam a dar — retorno aos acionistas tiveram de arrepiar caminho. Há apenas estudos, avisos e recomendações para que a banca se prepare para aguentar o embate. Um estudo da consultora Roland Berger que o Expresso divulgou em maio colocava a banca ao lado da aviação, turismo e comércio como um dos sectores que mais sofre com a pandemia. A única diferença é que hoje a banca não tem problemas de liquidez. A rentabilidade, por seu turno, será o indicador mais castigado, a par do já expectável aumento do malparado. A consultora, num outro estudo, avança números. Diz que, num cenário mais otimista, os prejuízos para o conjunto dos bancos podem ascender a €3 mil milhões e que as imparidades podem duplicar para valores próximos de €1,9 milhões.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

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