21 agosto 2020 23:15

Teletrabalho aumentou o recurso a programas de vigilância de trabalhadores
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Recurso a programas ocultos de vigilância remota de trabalhadores tem disparado em Portugal. Comissão Nacional de Proteção de Dados e sindicatos confirmam aumento de denúncias. A prática é punida por lei, mas poucos casos chegam a tribunal.
21 agosto 2020 23:15
TimeDoctor, Hubstaff, Timing, ManicTime, ActivTrak, Teramind, WorkExaminer, Sapience, OccupEye, Softwatch, Toggl ou Harvest. Se tem um destes programas instalados no seu computador profissional e não sabe para que serve, nem a empresa lhe explicou, o mais provável é que o seu empregador esteja a espiá-lo remotamente e a controlar as suas ações online e a informação que partilha e a que acede. Sindicatos, advogados e até a própria Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) dizem que a prática, ainda que ilegal e punida por lei, está a ganhar terreno em Portugal e aumentou exponencialmente com a massificação do teletrabalho. Pelo menos 100 denúncias e pedidos de esclarecimento deram entrada na CGTP e na CNPD desde março. Muitos trabalhadores não sabem que são vigiados, mas empresas que fornecem este tipo de software confirmam a existência de um número crescente de clientes portugueses nas suas bases de dados.
Em março deste ano, quando a pandemia impôs o teletrabalho, Pedro (nome fictício), analista de risco numa empresa financeira, foi notificado para entregar o portátil, “para que fossem instalados programas adicionais que permitissem o teletrabalho”, recorda. Estranhou porque, como diz, “tinha lá tudo o que precisava”. Estranhou ainda mais quando recebeu o equipamento de volta. “Não tinha mudado nada, pelo menos aparentemente, e não nos foi dada a habitual explicação sobre os novos programas e o que mudava na forma de trabalho”, explica.