O Produto Interno Bruto (PIB) português deu um trambolhão no segundo trimestre deste ano, como resultado do impacto da pandemia de covid-19 e das medidas de confinamento associadas ao seu combate. Mas, afinal, a queda foi ligeiramente menos grave do que o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha antecipado há duas semanas.
Os dados publicados esta sexta-feira apontam para uma contração de 16,3% face ao segundo trimestre do ano passado, e já não de 16,5%.
Quanto à variação em cadeia, isto é, face aos primeiros três meses do ano, o INE sinaliza agora uma queda de 13,9% e já não de 14,1%.
Atenção, apesar desta ligeira melhoria dos números, continua a ser a queda mais grave que a economia portuguesa sofreu num trimestre em toda a história do Portugal democrático.
Portugal sofreu, assim, no segundo trimestre, a quarta maior queda do PIB em termos homólogos de todos os países da União Europeia para os quais já há dados disponíveis. Esta lista negra é liderada por Espanha (-22,1%), seguindo-se França (-19%) e Itália (-1,3%). Ou seja, os países que mais foram afetados pela pandemia.
Portugal caiu também mais do que da zona euro (-15%) e do que o conjunto da União Europeia (-14,1%).
Comércio internacional explica revisão
A explicação para esta ligeira melhoria dos números prende-se, sobretudo, com a incorporação adicional de dados sobre o comércio internacional em junho.
A autoridade estatística nacional adianta que a estimativa rápida publicada esta sexta-feira "incorpora nova informação primária, nomeadamente no que se refere ao comércio internacional de bens e serviços e, em menor grau, aos indicadores de curto prazo relativos a junho".
Informação adicional que implicou "uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais nas taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB em volume do segundo trimestre de 2020, comparativamente com os dados publicados no dia 31 de Julho, na primeira estimativa rápida".
De resto, a história é conhecida. Fruto da travagem da atividade económica no país, associada ao confinamento, o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB passou de -1,2 pontos percentuais no 1º trimestre, para -11,9 p.p., indica o INE, frisando que "o consumo privado e o Investimento apresentaram uma forte contração no segundo trimestre, tendo o consumo público também diminuído em volume".
Ao mesmo tempo, a paragem quase total do turismo foi determinante no contributo negativo da vertente externa. O INE adianta que no segundo trimestre, a procura externa líquida registou um contributo de -4,4 p.p. para a variação homóloga do PIB (-1,1 p.p. no primeiro trimestre), "verificando-se uma diminuição em volume mais intensa das Exportações de Bens e Serviços (-39,6%) que das Importações de Bens e Serviços (-29,7%)".
"Esta diferença de comportamentos é sobretudo consequência da forte contração da atividade turística na evolução das exportações de serviços", vinca o INE.
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