Economia

Mercados preferem acordo menos ambicioso a rutura em Bruxelas

António Costa e Charles Michel
António Costa e Charles Michel
JOHN THYS/POOL/AFP/Getty Images

As bolsas saíram do vermelho esta segunda-feira à tarde com a perspetiva de um consenso em Bruxelas, na cimeira europeia que recomeça esta tarde

Depois de terem negociado no vermelho grande parte da sessão da manhã desta segunda-feira, as bolsas europeias inverteram a tendência e estão em terreno positivo, perto da hora de recomeçar a cimeira europeia em Bruxelas (às 17h em Bruxelas, menos uma hora em Lisboa).

Os índices bolsistas das praças europeias estão no verde com destaque para o MIB em Milão que sobe mais de 1%. Em Lisboa, o PSI 20 segue a tendência europeia, ainda que registando ganhos mais modestos, de 0,6%. Algumas cotadas em Lisboa permanecem no vermelho, nomeadamente os grupos de media, o BCP, Galp e REN, estas três últimas integrando o PSI 20. Na Europa, apenas as bolsas de Londres e Viena continuam a registar quebras.

No mercado da dívida pública, as taxas (yields) estão em queda. No caso das obrigações portuguesas de referência, a 10 anos, desceram de 0,415% no fecho de sexta-feira passada para 0,364% agora, um nível já próximo das taxas registadas no início de março, antes de ser declarada a pandemia da covid-19. Esta descida a 10 anos no mercado secundário aponta para o Tesouro pagar no próximo leilão na quarta-feira, um juro muito abaixo de 0,595% pago no último leilão a 10 de junho.

Ao contrário de Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu, que ainda este fim de semana considerava que era preferível prolongar as negociações até se obter um acordo ambicioso, os investidores preferem o acordo possível a alimentar uma situação à beira de rutura.

"Acho que um compromisso será finalmente alcançado e o mercado também está a acreditar nisso. Um acordo é melhor do que nenhum acordo", refere-nos Brunello Rosa, o economista chefe da consultora que criou com Nouriel Roubini.

Também Filipe Garcia, presidente da consultora Informação de Mercados Financeiros, partilha do pragmatismo do mercado. " Os mercados estão a olhar para o copo meio-cheio, ou seja, não se prevê uma rutura nem uma inexistência de um acordo. Espera-se que o essencial seja preservado e é até, de alguma forma salutar, que se tente chegar a regras de utilização dos fundos que não criem posteriormente divisões ainda mais profundas".

No regresso à cimeira esta tarde, o presidente francês Emmanuel Macron sublinhou que "as negociações são difíceis, mas há espírito de compromisso".

Recorde-se que a cimeira foi interrompida esta madrugada, depois de negociações que se iniciaram na sexta-feira, apontando-se, agora, para uma nova proposta de montante e modalidades do Fundo de Recuperação a apresentar pelo presidente do Conselho, Charles Michel, que possa recolher o consenso entre o grupo dos 'frugais' - liderado pelos Países Baixos - e a maioria liderada pelo eixo franco-alemão, e onde se integra Espanha, Itália e Portugal. O consenso obtido de madrugada aponta para um montante total do Fundo de Recuperação de €700 mil milhões (menos €50 mil milhões do que o proposto pela Comissão), em que as transferências a fundo perdido rondarão os €390 mil milhões (abaixo dos €500 mil milhões inicialmente propostos por Bruxelas).

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