A EDP foi esta segunda-feira notificada da sua constituição como arguida no processo 184/12, confirmou a empresa ao Expresso, realçando que esse estatuto se prende com a contratação como consultor do já falecido pai do ex-secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, também ele chamado Artur Trindade.
Fonte oficial da EDP disse ainda ao Expresso estar a aguardar mais informação por parte do Ministério Público sobre as próximas diligências, que deverão passar pela inquirição de um responsável da empresa no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), segundo noticiaram a RTP e o Observador.
Em causa estão as suspeitas de que a EDP terá sido beneficiada por decisões do antigo secretário de Estado da Energia (no período entre 2012 e 2015), por contrapartida da contratação do pai de Artur Trindade como consultor (entre 2013 e 2014) e da nomeação do próprio Trindade para a vice-presidência do Omip (operador do mercado ibérico de eletricidade) em 2016.
Na defesa já feita por António Mexia e João Manso Neto face ao agravamento das medidas de coação pedidas pelo Ministério Público (e acolhidas pelo juiz Carlos Alexandre), os advogados dos dois gestores contestaram a tese de corrupção, argumentando que as medidas de Artur Trindade globalmente prejudicaram a EDP em 758 milhões de euros.
Além disso, sustenta a defesa de Mexia e Manso Neto, a EDP tinha apenas 5% do capital do Omip (e a REN 40%), pelo que não tinha capacidade de determinar (ou prometer isso) a nomeação de Artur Trindade para o Omip em 2016, tendo o nome de Trindade partido do então secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. Sobre a contratação de Artur Trindade (pai) como consultor para temas autárquicos, a EDP argumentou com a experiência obtida por este em mais de duas décadas na Associação Nacional de Municípios.
Já o ex-secretário de Estado da Energia é para já apenas suspeito, mas segundo o "Observador" será interrogado a 23 de julho pelo juiz Carlos Alexandre já na qualidade de arguido.
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