O governo quer que Antonoaldo Neves abandone o quanto antes a presidência executiva da TAP. É uma consequência natural da saída do empresário norte-americano David Neeleman da TAP, que chegou a acordo com o governo para vender os seus 22,5%.
O gestor, que ocupa o cargo de presidente da comissão executiva da TAP desde 2018, já não deverá assim preparar a reestruturação da empresa que vai ser necessária por causa do empréstimo de 1,2 mil milhões de euros que vai ser concedido pelo Estado.
O mandato desta administração termina no final deste ano, mas o Executivo não quer esperar e pretende substituí-lo o mais rapidamente possível porque quer que a reestruturação da TAP seja preparada por outra pessoa.
A saída de Antonoaldo, ex-presidente da Azul, onde Neeleman é o maior acionista, é uma consequência natural do afastamento de Neeleman da TAP. O empresário norte-americano acabaria sempre por sair da companhia aérea, ou através de uma solução negociada, como acabará por acontecer através da venda dos seus 22,5%, ou através da nacionalização 'pura e dura' da TAP.
O governo sempre o viu como um homem de mão de Neeleman. O gestor foi trazido por Neeleman para a TAP em 2015, como administrador para a área comercial. Inicialmente Fernando Pinto manteve-se como presidente executivo da TAP, já privatizada. Antonoaldo Neves, tal como Pinto, é brasileiro e por isso conhece bem um dos principais mercados da TAP. Antes ocupou o cargo de presidente executivo da companhia aérea brasileira Azul.
A comissão executiva da TAP é composta por três membros, todos ligados aos acionistas privados Neeleman (Antonoaldo e Raffael Quintas) e Humberto Pedrosa (David Pedrosa, o seu filho).
O ministro das Infraestruturas há algum tempo que tem vindo a mostrar alguma animosidade face à gestão executiva, liderada por Antonoaldo Neves. Pedro Nuno Santos tem afirmado, e reafirmado, que a TAP tem sido mal gerida.
Em sua defesa, Antonoaldo Neves salienta que a TAP cresceu, renovou 30% da frota de aviões, reforçou a presença nos EUA, contratou cerca de duas mil pessoas e paga mais de 300 milhões de euros de impostos. Salienta ainda que a TAP reduziu a dívida garantida pelo Estado e conseguiu fazer emissões de obrigações bem sucedidas.
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