“A paragem do mundo não é boa para a sustentabilidade”
Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, conversou com (de cima para baixo no sentido dos ponteiros do relógio) Carlos Lobo, Ana Trigo Morais, Vanessa Romeu, Rita Rodrigues e Luís Araújo
Projetos Expresso. Travar não é a solução para os problemas ambientais. A chave está na conciliação entre ambiente e economia, um equilíbrio que se atinge através da adopção de práticas de crescimento sustentável com impacto na evolução e no crescimento económico sem consumir recursos e ativos ambientais de forma descontrolada. Esta foi a principal conclusão de mais uma conferência “Parar para Pensar”, que juntou o Expresso à DECO Proteste
Fátima Ferrão
O mundo reduziu uma elevada percentagem de emissões de CO2 durante o período de confinamento graças à suspensão de grande parte das atividades económicas. Contudo, esse decréscimo é de apenas 5% em relação ao período pré-Covid, o que leva a crer que o planeta voltará rapidamente à situação anterior, caso não existam mudanças comportamentais relevantes. “A sustentabilidade é um dos pilares estratégicos para a recuperação económica”, acredita Ana Isabel Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, uma das convidadas para o debate que esta tarde juntou Carlos Lobo, partner da consultora EY e professor na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal, Rita Rodrigues, responsável pela área de relações institucionais da DECO Proteste, e Vanessa Romeu, diretora de comunicação corporativa do Lidl, para mais uma conferência do ciclo “Parar para Pensar”, desta feita sobre sustentabilidade.As conclusões:
Economia não pode parar
A economia não pode parar para que existam melhorias ambientais. “A paragem do mundo não é boa para a sustentabilidade”, garante Luís Araújo. Opinião corroborada por Carlos Lobo que reforça: “Conciliar ambiente e economia é a chave. Temos que conviver com esta realidade de conjugação e adoptar práticas de crescimento sustentável, que se traduzam na evolução e crescimento económico, sem consumir recursos e ativos ambientais de forma descontrolada”.É preciso desenvolver as melhores técnicas de regulação e de tributação, reutilizar os recursos possíveis e reduzir as externalidades para atingir um padrão de estabilidade e crescimento que não seja feito à custa dos ativos ambientais.
Portugal: destino turístico sustentável
O país foi distinguido, em 2019, como um dos melhores destinos turísticos ao nível da sustentabilidade. Um objetivo a manter, segundo Luís Araújo, uma vez que “nada do que nos levou a conseguir esta distinção mudou com a pandemia”. Reforça, no entanto, que há lições a retirar desta situação, nomeadamente, de que todo o turismo tem que ser sustentável, mesmo o chamado 'de massas'. Para tal é necessária uma gestão de resíduos e de uso eficiente de água e energia transversal a todos os players do sector, bem como uma formação adequada e cada vez mais abrangente para quem trabalha nesta área.Carlos Lobo destaca a importância de entendermos que o conceito de sustentabilidade não é só ambiental, mas também social, territorial, intergeracional e, claro, económico. “Nada melhor do que o turismo” para transportar riqueza para locais com menor densidade populacional.
“É urgente mudar comportamentos”
Rita Rodrigues acredita que os consumidores querem estar no centro da mudança e que desempenham um papel fundamental rumo a uma sociedade, ambiente e economia mais sustentável. Contudo, não podem ser os únicos a fazê-lo. Sector público, privado, instituições, empresas e sociedade têm que remar na mesma direção. Já Ana Morais destaca alterações de comportamento das pessoas durante o confinamento que, mesmo com todas as condicionantes, procuraram manter as boas práticas de reciclagem.“É preciso continuar a trabalhar para tornar a sustentabilidade mais mainstream”, refere Vanessa Romeu. Isto faz-se através da mudança nos padrões de consumo, como já acontecia antes da pandemia, por exemplo, com a redução na utilização dos plásticos.
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