Economia

Sustentabilidade: e depois da Covid-19?

Sustentabilidade: e depois da Covid-19?
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Projetos Expresso. O confinamento que fechou em casa milhões de pessoas em todo o mundo deixou o ambiente a 'respirar de alívio'. Uma redução significativa nos índices de poluição que, aos poucos, está a regressar aos níveis anteriores. Serão os países capazes de manter a recuperação ambiental através de práticas que reflitam a aprendizagem verificada neste período? Esta é a questão que lança o debate da próxima conferência “Parar para Pensar”, um projeto que une o Expresso e a DECO Proteste ao Lidl, para esta sessão. Assista em direto na próxima segunda-feira, dia 22, na página de Facebook do Expresso, a partir das 17 horas.

Fátima Ferrão

Ruas vazias, trânsito praticamente inexistente, aviões em terra, silêncio... Uma realidade nunca antes vista, e para a qual ninguém estava preparado. Nem mesmo o ambiente, vítima da industrialização e do desenvolvimento global. O ar tornou-se respirável nas cidades mais poluídas do mundo, o nevoeiro que habitualmente ensombra o horizonte dissipou-se, e a natureza voltou a fazer-se ouvir. Agora, com a sociedade e o planeta a regressar gradualmente à normalidade, a questão que se coloca é se este momento foi apenas um intervalo ou se, pelo contrário, pode ser uma oportunidade para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Pouco mais de dois meses depois da China fechar as suas portas ao mundo devido à pandemia da covid-19, o "Carbon Brief", portal especializado em energia e clima, dava conta de quebras de consumo, na ordem dos 36%, nas centrais de carvão, e de 10% no tráfego aéreo. A mesma fonte estimava uma redução nas emissões de CO2 para um quarto do habitual num período de quatro semanas, o que significava menos 1% das emissões num dos países mais poluentes do mundo.

Portugal seguiu o mesmo caminho quando, em meados de março, reduziu a atividade económica a níveis históricos. Nos transportes públicos verificou-se uma quebra na ordem dos 80% de passageiros, nas estradas o tráfego caiu exponencialmente, e o consumo manteve-se apenas no sector da distribuição e reduzido ao mínimo. Três meses depois, com a economia a desconfinar, a lição que fica é a de que não precisamos de consumir tanto, nem de nos deslocarmos tantas vezes, mesmo para trabalhar. O teletrabalho entrou à força no dia a dia de muitas empresas, deixando a perceção de que se pouparam milhares de euros (e de horas) em deslocações, e de que muito do que fazemos no escritório pode ser feito à distância, com a mesma qualidade e, muitas vezes, de forma mais eficiente.

Portugueses estão comprometidos com o ambiente e com a sua preservação”

Para Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, a recuperação ambiental não depende exclusivamente dos comportamentos da população, “visto que é também necessário garantir o empenho e uma rápida adaptação das empresas, da produção, da indústria e das entidades públicas e privadas”. É por isso que defende que, no pós-covid, se reforce a aposta em iniciativas e ações que permitam manter o pioneirismo nacional em matéria de neutralidade carbónica e economia circular. “A industrialização verde pode ser uma oportunidade de desenvolvimento do país”, exemplifica.

Carlos Lobo, partner da EY, vai mais longe: “Não há alternativa ao cumprimento das metas ambientais”. Na sua opinião, o problema ambiental é um problema económico, e vice-versa, uma vez que economia e ambiente vivem em conjunto. “Para termos um crescimento económico virtuoso é obrigatório garantirmos, em simultâneo, as metas ambientais, pois não podemos manter este nível de consumo de recursos”, salienta. É por isso que, para o responsável da EY, o impacto da covid-19 não foi “nada benéfico para o ambiente” pois, feita uma leitura fria, se assim fosse, “significaria que não fazemos nada para preservá-lo sem parar a economia”.

Com o objetivo de refletir sobre estas e outras questões relacionadas com a sustentabilidade, o Expresso reuniu um painel de representantes de vários sectores para partilharem as suas opiniões e visões sobre o tema. Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, irá conversar com Carlos Lobo, partner da consultora EY, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Ana Trigo Morais, presidente da Sociedade Ponto Verde, Vanessa Romeu, do Lidl, e Rita Rodrigues, da DECO Proteste. Em cima da mesa estarão ainda outros temas como a estratégia do Estado para o desenvolvimento sustentável do território e o papel dos consumidores – a responsabilidade individual e o engagement comunitário.

Saiba tudo sobre o projeto 'Parar para Pensar' neste link e acompanhe o debate em direto a partir das 17h de segunda-feira (22 de junho) no Facebook do Expresso.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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