José Tavares Moreira, governador do Banco de Portugal de 1986 a 1992, morreu esta terça-feira aos 75 anos. Formado em Economia pela Universidade do Porto, nasceu na Póvoa de Varzim a 10 de outubro de 1944 e completou também uma licenciatura em Direito pela mesma universidade.
Fez carreira na banca e começou a atividade profissional neste sector como economista do Banco Pinto e Sotto Mayor, onde ocupou funções de diretor e de vogal do conselho de gestão, durante a transição para o regime democrático, que teve como consequência a nacionalização dos bancos em Portugal.
De 1979 a 1981 for administrador da Caixa Geral de Depósitos, com uma passagem pela Secretaria de Estado do Tesouro. Regressaria ao Governo como secretário de Estado adjunto de 1985 a 1986, quando Miguel Cadilhe ocupava o cargo de ministro das Finanças, no primeiro executivo liderado por Cavaco Silva.
Em 1986 foi escolhido para governador do Banco de Portugal, funções que desempenhou durante seis anos, num período que coincidiu com o início do processo de privatização da banca e os primeiros passos no processo de construção da união económica e monetária de que resultaria o nascimento do euro.
Foi durante o mandato como principal responsável do banco central que uma parte das reservas de ouro, 17 toneladas, foi aplicada junto da Drexel Burnham Lambert, banco de investimento norte-americano que entrou em processo de insolvência. O ouro acabaria por ser recuperado.
Após a saída do banco central ocupou o cargo de presidente da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo. Neste grupo, enquanto responsável pelo respetivo banco de investimento, foi alvo de um processo movido pelo Banco de Portugal pela suspeita de ocultação de verbas em sociedades offshore. Foi condenado em 2002 e impedido de exercer funções em instituições financeiras durante sete anos, assim como ao pagamento de uma coima de 180 mil euros, mas recorreu para diversas instâncias e o processo acabou por prescrever.
De 2013 a janeiro de 2020, foi presidente do BAI Europa.
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa refere que Tavares Moreira "se destacou como diretor e administrador de diversas instituições, com destaque para a Caixa Geral de Depósitos" e que "exerceu com indiscutível mérito funções governativas no Ministério das Finanças".
O Presidente da República acrescenta que "em todos os cargos que exerceu, Tavares Moreira deixou a marca da sua competência e do seu rigor e, bem assim, da sua discreta afabilidade de trato, hoje recordada por todos quantos o conheceram".
Numa nota emitida pelo Banco de Portugal, o governador Carlos Costa e os membros do conselho de administração "endereçam à família do doutor José Alberto Tavares Moreira o seu mais profundo pesar".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt