Por causa da pandemia o preço dos alimentos continua em queda
Há já quatro meses que o principal índice alimentar mundial regista quebras nos preços. Os produtos derivados do leite são os mais afetados
Há já quatro meses que o principal índice alimentar mundial regista quebras nos preços. Os produtos derivados do leite são os mais afetados
Coordenador de Economia
Os preços mundiais dos alimentos caíram pelo quarto mês consecutivo em maio, à medida que a oferta vai crescendo e, em simultâneo, se assiste a um enfraquecimento da procura, devido às contrações económicas desencadeadas pela pandemia da Covid-19.
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a FAO (organização das Nações Unidas para a Alimentação) revela que o seu Índice de Preços dos Alimentos, que acompanha a evolução dos preços internacionais das commodities (matérias-primas) alimentares mais comercializadas, derrapou 1,9% em maio, relativamente ao mês anterior.
Na análise por alimentos, uma das quebras de preços mais acentuadas foi registada nos produtos lácteos (-7,3% em relação a abril).
O preço dos cereais caiu 1% e, no caso da carne, a queda foi de 0,8% em maio, com uma média de 3,6% abaixo do valor de maio de 2019. As cotações de carne bovina aumentaram, enquanto as de carnes de aves e suínos continuaram a derrapar, refletindo as altas disponibilidades para exportação nos principais países produtores, apesar do aumento da procura de importação no leste da Ásia após o desconfinamento face à pandemia Covid-19.
Já no que respeita à produção de cereais, o mundo pode estar a caminho de um novo nível recorde de 2 780 milhões de toneladas, 2,6% a mais do que na campanha de 2019/2020. Já em Portugal, no caso dos cereais, o grau de autoaprovisionamento nacional está agora nos 4% - um dos mais baixos de sempre - e, nas últimas campanhas, o país teve de importar, em média, cerca de 1,2 milhões de toneladas, das quais 96% com origem na União Europeia (com a França a representar cerca de 50% do total). De referir que, recentemente, a Bulgária e a Roménia começaram a ocupar um lugar cada vez mais importante nas importações daquele produto.
À escala global, a FAO prevê que o consumo de cereais no próximo ano atinja um recorde histórico, subindo 1,6%, para 2.732 milhões de toneladas, já que se espera que os usos de alimentos para animais à base de cereais continuem a aumentar.
A FAO espera ainda que o comércio mundial de cereais em 2020/21 suba 2,2%, para 433 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde, com expansões esperadas para todos os principais cereais, lideradas por um aumento de 6,2% no comércio global de arroz.
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