Economia

Sector agroalimentar aponta à reinvenção

Ricardo Costa (em cima) moderou uma conversa que contou com (de cima para baixo, da esquerda para a direita) João Gil, Gonçalo Pereira, António Silverstre Ferreira, Pedro Madeira, António Cuco, Bernardo Alves, Carlos Andrade, João Portugal Ramos, Olga Martins, António Plácido e António Ramalho
Ricardo Costa (em cima) moderou uma conversa que contou com (de cima para baixo, da esquerda para a direita) João Gil, Gonçalo Pereira, António Silverstre Ferreira, Pedro Madeira, António Cuco, Bernardo Alves, Carlos Andrade, João Portugal Ramos, Olga Martins, António Plácido e António Ramalho

Projetos Expresso. A necessidade de pensar a longo prazo e as preocuopações relativamente à produção e à retoma do mercado interno foram os pontos mais discutidos na Summit Agroalimentar, que marca o regresso do projeto "Os Nossos Campeões" - que junta Expresso, SIC Notícias e Novo Banco para dar a conhecer figuras de destaque em diferentes áreas da sociedade - para uma nova fase dedicada aos desafios de diferentes sectores de atividade. Conheça todos os números e opiniões na próxima edição impressa do Expresso

Os efeitos económicos da pandemia ainda estão por aferir na totalidade mas a imagem de contração já se começa a formar. Segundo uma estimativa avançada pelo Instituto Nacional de Estatística, o PIB caiu 2,4% nos primeiros três meses do ano face ao mesmo período de 2019 e os analistas acreditam que o futuro mais imediato poderá ser ainda pior.

Um dos sectores mais atingidos foi o agroalimentar, com os produtores a verem as rotinas de produção a terem que mudar irremediavaelmente e os aumentos no consumo doméstico a não compensarem a quebra provocada pela restauração. A reinvenção tem sido um lema repetido por muitos e mesmo no dia seguinte à reabertura (ainda que muito limitada) dos restaurantes, todos concordam que nada será como dantes. Foi uma das ideias que ficou vincada na Summit Agroalimentar de "Os Nossos Campeões".

O projeto que junta Expresso, SIC Notícias e Novo Banco para dar a conhecer figuras de destaque em diferentes áreas da sociedade reuniu hoje, em formato digital, oito figuras do sector a que se juntou o músico João Gil (campeão da Beira) para uma interpretação músical e um alerta para os desafios que a cultura também enfrenta. A conferência foi moderada por Ricardo Costa, diretor de informação da Impresa, e contou com Olga Martins, CEO da Lavradores de Feitoria e uma das campeãs do Norte; João Portugal Ramos, fundador da João Portugal Ramos Vinhos, campeão do Alentejo; Bernardo Alves, administrador da Riberalves, campeão da região Oeste; António Plácido, CEO da Casa da Prisca, campeão da Beira; António Silvestre Ferreira, administrador da Vale da Rosa, campeão do Alentejo; Pedro Madeira, sócio-gerente da Frusoal, campeão do Algarve; Gonçalo Pereira, gerente da MVP Gincampeão da região Oeste; e António Cuco, criador e proprietário e do Gin Sharish, campeeão do Alentejo. Houve ainda espaço para as intervenções de Carlos Andrade, economista chefe do Novo Banco, e para o CEO da instituição bancária, António Ramalho. Conheça as principais conclusões.

Peso do agroalimentar

  • O sector é um dos mais relevantes para a economia portuguesa e foi um dos mais atingidos pela pandemia
  • O aumento das despesas alimentares não compensou o grande golpe provocado pelo encerramento dos restaurantes e bares
  • É importante realçar que ainda assim foi garantido o abastecimento alimentar

Impacto do confinamento

  • Os produtores viram-se abrigados a adaptar e a mudar os modelos estratégico de um dia para o outro
  • A quebra na atividade económica significou uma diminuição nos canais para escoar os stocks, algo que, por exemplo, foi muito sentido na produção vinícola
  • Para compensar em parte, as compras online cresceram muito nos últimos dois meses e os campeões acreditam que esta mudança veio para ficar

Ligações locais

  • A globalização é outra das vítimas da covid-19
  • Os fornecedores de proximidade serão essenciais para aguentar este período de disrupção nos canais económicos tradcionais
  • Os produtores de fruta e de bens alimentares não colocam de lado as exportações (antes pelo contrário) mas defendem a necessidade se alicerçarem mais em parceiros locais para a atividade produtiva
  • Garantir maior sustentabilidade para aguentar esta fase pode fazer a diferença

Vendas e ligações digitais

  • A digitalização é um processo que sai reforçado desta fase
  • Cada vez mais os produtores olham para ferramentas de teletrabalho como forma de garantir contactos para vendas e manter uma ligação mais pessoal na impossibilidade de se deslocarem pessoalmente aos locais de venda
  • Não perder os ganhos atingidos nas exportações é visto como algo fulcral

Alternativas

  • No negócio das bebidas destiladas, muitos viram-se obrigados a reconverter a produção
  • O Gin Sharish, por exemplo, lançou um gin com 75% de teor alcoólico que pode ser utilizado como bebida ou desinfetante
  • Há, contudo, divergências de opiniões quanto ao impacto que a reconversão deve ter na estratégia a longo prazo

Próximos meses

  • Outubro será o mês decisivo
  • Os produtores acreditam que aí é que se vai perceber se as empresas têm pernas para continuar, porque sera a época da tão falada segunda vaga e em que se vão manifestar os resultados a primeira fase de readaptação
  • Se os apoios estatais não se mantiverem e se a retoma do consumo não for forte, os problemas podem acumular-se

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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