Economia

Campeões continuam a fazer o País mexer

António Plácido, CEO da Casa da Prisca e Bernardo Alves, administrador da Riberalves, falam dos desafios que o sector agroalimentar enfrenta com a pandemia
António Plácido, CEO da Casa da Prisca e Bernardo Alves, administrador da Riberalves, falam dos desafios que o sector agroalimentar enfrenta com a pandemia

Projetos Expresso. "Os Nossos Campeões" - que junta Expresso e Novo Banco para dar a conhecer figuras de destaque em diferentes áreas da sociedade - regressa em tempo de crise com uma série de pequenas duplas entrevistas e conferências digitais para revelar os desafios (e conquistas) nos diferentes sectores em que os selecionados se evidenciaram. Esta semana e nas próximas duas, o destaque vai para a indústria agroalimentar, que culminará com um summit digital a 19 de maio, próxima terça-feira. A primeira dupla de entrevistados são Bernardo Alves, administrador da Riberalves e um dos campeões da região Oeste, e António Plácido, CEO da Casa da Prisca e um dos campeões da Beira

António Plácido, CEO da Casa da Prisca

"Não quisemos ser maçadores, não forçamos vendas junto de nenhum cliente"

Como tem sido o processo de enfrentar esta fase?
Controlar e ser solidário! Controlar para ver se estamos todos a fazer as coisas certas, que não há desvios sobre o que foi planeado e atempadamente posto em prática, tanto ao nível da segurança como da própria produção. Depois, solidariedade para com todos os clientes - com os que estão bem e não foram afetados, mas principalmente com os que estão mal e a quem esta crise veio trazer graves problemas. Estivemos sempre disponíveis, tanto para uns como para outros, fomos onde tínhamos de ir, fomos onde nos deixaram ir e colaboramos com eles na medida em que eles entenderam que deveríamos colaborar. Não quisemos ser maçadores, não forçamos vendas junto de nenhum cliente, mostrámo-nos acima de tudo disponíveis para colaborar com eles naquilo que eles entendessem necessário.

Quais são os grandes desafios que ocorreram nas últimas semanas?
Por um lado, gerir as incertezas e os medos dos colaboradores, isto porque era tudo novo, não sabíamos nada de nada, estávamos a sentir e a lutar contra uma coisa que não víamos, que não sabíamos como era nem onde estava. O que hoje era verdade, amanhã poderia ser mentira. Tinha de ser uma gestão quase de hora a hora. Tentávamos mostrar e transmitir alguma calma e seriedade, mas também nós tínhamos de fingir que a tínhamos. Por outro, como nós não queríamos parar, tentar garantir que ao trabalhar o fazíamos com o máximo de segurança possível, por forma a minimizar o risco das pessoas, bem como das pessoas que lhes estão mais próximas. Acatamos todas as sugestões que as autoridades de saúde local nos foram passando, tentamos perceber quais as melhores e mais eficazes formas de evitar a contaminação e propagação do vírus.

Como olha para o futuro na sua área?
Com um misto de preocupação, mas também de esperança. Preocupação, pois sabemos que muita gente vai sair fragilizada desta situação, muitos dos nossos consumidores podem não ter condições para continuar a comprar nas mesmas quantidades os produtos que ate agora compravam; alguns dos nossos clientes podem não voltar a abrir, ou se abrirem abrem seguramente mais fragilizados. Esperança, porque ao nivel da Prisca, acreditamos que estamos a fazer as coisas como deve de ser, estamos atentos às alterações futuras e acreditamos que depois da tempestade vem a bonança, e que é nas grandes dificuldades que surgem as grandes oportunidades.

Bernardo Alves, administrador da Riberalves

"A inovação é uma porta de saída, mas certamente serão precisas mais portas"

O que está a fazer para lidar com a crise?
A nossa empresa atualmente encontra-se a trabalhar a 100% para lidar com a crise. Estamos a ser muito cautelosos na compra de matéria-prima e controlo de stocks, pois um indevidamente excessivo empate de capital pode ser dramático. Comercialmente estamos ativos e a acompanhar os nossos clientes muito de perto. Além destas medidas é esperar que a própria economia recupere e que venham melhores tempos.

No comércio do bacalhau a inovação pode ser a resposta?
A inovação esta sempre presente na nossa empresa. Com a crise virão novos hábitos de consumo e de compra. É importante que as empresas percebam isto e que se adaptem a nível de produtos de oferta e logística para poder responder às novas tendências e hábitos de consumo. Sem dúvida que a inovação é uma porta de saída, mas certamente serão precisas mais portas.

Quais são os principais desafios que tem enfrentado nesta fase?
São múltiplos e variados, sendo que existem três realidades muito concretas e diferentes para quem trabalha no sector alimentar - o retalho nacional, o Canal Horeca e a exportação - sendo que temos de criar mecanismos de resposta para cada um deles de forma diferenciada. Cada indústria e distribuidor, dependendo do sector em que mais atua, terá de lidar com diferente problemas. No caso concreto da Riberalves, sendo que ao nível do mercado nacional a restauração pesa 50% das vendas, o impacto é enorme mesmo com o funcionamento de take way e home delivery. Já o retalho tem tido prestações não tão negativas. Os maiores desafios esta fase, além de mantermos os postos de trabalho e níveis de venda a baixo do expectável, é lidar com a incerteza do futuro e de como vai a economia nacional e global desenvolver-se nos próximos meses ou daqui a um ano.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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