Paul Sankey, diretor administrativo da consultora Mizuho Securities, era um ilustre desconhecido para o mundo até que, no passado dia 20 de março, vaticinou que o preço do petróleo haveria de cair para valores negativos.
Muitos ficaram incrédulos e outros tantos nem sequer levaram a sério aquelas previsões. Exatamente um mês depois, o mundo assistia com espanto à cotação negativa do barril de petróleo, que chegou a ser transacionado a -37,6 dólares. Ou seja, os produtores e investidores em vez de receberem - pelo ‘ouro negro’ que estavam a colocar no mercado – pagaram a quem quisesse ficar com ele.
Ora, já esta quarta-feira, aquele mesmo analista veio dizer – citado pelo jornal Houston Chronicle - que, no mercado de futuros, os preços do barril do WTI - West Texas Intermediate, variedade de petróleo que serve de referência para o mercado norte-americano podem cair para valores negativos da ordem dos 100 por barril já no próximo mês de maio.
"Se você tivesse um barril de petróleo mal cheiroso no seu quintal, pagaria a alguém 100 dólares para o tirar dali?" questiona Paul Sankey. E responde que “sim, e você provavelmente ficaria aliviado por não lhe cobrarem 300 dólares por barril. Esta é precisamente a situação em que estamos, ou seja, os produtores não têm para onde levar a respetiva produção que pode levar semanas ou meses a escoar”, sublinha o mesmo responsável.
Já os analistas da Wood Mckenzie, citados pelo site Oil Price.com, garantem que "é possível que, se as condições atuais se mantiverem, os tanques de armazenamento de petróleo possam atingir a capacidade máxima até meados de maio".
Por seu turno, alguns especialistas em energia do banco holandês ING, dizem que “é provável que o armazenamento seja um problema ainda maior já em junho, dado o ambiente de excedentes que agora se vive no mercado e, portanto, na ausência de uma recuperação significativa da procura, os preços negativos poderão estar de volta precisamente em junho”.
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