Economia

Covid-19. José de Mello Saúde estima impacto negativo de 80 milhões de euros

Grupo que detém a rede CUF faturou mais 700 milhões de euros em 2019 e teve um crescimento de 86,1% nos lucros em 2019. Um desempenho que será fortemente afetado pela pandemia em 2020

A José de Mello Saúde realizou vários cenários do impacto da covid-19 na atividade, nos quais prevê que o volume de negócios possa ser afetado negativamente em cerca de 80 milhões de euros, “considerando que o auge da crise ocorra durante o primeiro semestre de 2020, para depois retomar gradualmente no tempo os volumes de atividade anteriormente esperados”.

A informação consta de um comunicado, sobre os resultados de 2019, enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pelo grupo que detém a rede de unidades de saúde privadas CUF, bem a gestão em regime de parceria público-privada (PPP) do Hospital Vila Franca de Xira.

A atividade dos grupos hospitalares privados está a ser fortemente afetada pela desmarcação de serviços médicos, como consultas, exames e cirurgias considerados não urgentes, no âmbito dos planos de contingência levados a cabo para preparar estas unidades para darem resposta à covid-19. A que se soma o receio da população em se dirigirem a hospitais o que também levou a uma maior quebra na atividade. Por outro lado, a José de Mello Saúde terá também o impacto nos custos da PPP de Vila Franca de Xira com o tratamento de infetados, uma questão que, aliás, poderá dar origem ao reequilíbrio financeiro do contrato.

Aí é também dito que “a José de Mello Saúde está a preparar e implementar medidas que minimizem os impactos negativos desta nova situação, incluindo também os respetivos impactos nos seus rácios financeiros”.

Em 2019, a José de Mello Saúde registou um crescimento dos lucros em 86,1% face ao ano anterior, atingindo os 29 milhões de euros.

Já os proveitos operacionais consolidados da emprega do universo Mello atingiram 701,5 milhões de euros, mais 2,7% face ao período homólogo, num desempenho que sofreu, pela negativa, com o fim da PPP do Hospital de Braga (em setembro a gestão da unidade reverteu para as mãos do Estado) que só contribuiu com oito meses de atividade em 2019.

Mas, por outro lado, há um efeito positivo nos proveitos operacionais com o “recebimento extraordinário em Braga (15,3 milhões de euros, dos quais 13 milhões referentes à atividade de anos anteriores), resultante da decisão favorável do Tribunal Arbitral sobre a comparticipação do Estado nos programas verticais do HIV”, frisa a José de Mello. Por sua vez, os custos operacionais diminuíram 1,4% face a 2018.

Assim, o EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu os 97,9 milhões de euros no exercício de 2019, num aumento de 37,6% e a margem EBITDA foi de 14%, um incremento de 3,5 pontos percentuais, face ao exercício anterior.

No que se refere à atividade de saúde privada, registou-se um aumento de faturação de 11,8% para 490,1 milhões de euros, “através do crescimento consistente da atividade assistencial em toda a rede CUF, incluindo nas unidades mais maduras”. Neste segmento, “destaca-se o particular contributo do novo edifício do Hospital CUF Descobertas (incremento de 50% da capacidade instalada), que em 2019 registou o primeiro ano completo de atividade (abertura em julho de 2018), e da inauguração da primeira fase do Hospital CUF Sintra em junho de 2019, que substituiu a antiga Clínica CUF Sintra com uma oferta alargada de serviços de consulta, exames e atendimento permanente”, faz notar o grupo hospitalar.

Aqui, o EBITDA evoluiu 39,5%, atingindo os 80,3 milhões de euros, o que permitiu o aumento da margem para 16,4% (mais 3,3 pontos percentuais face a ano anterior).

A José de Mello lembra ainda que este desempenho não é alheio também à “atualização da tabela de preços aplicada a clientes particulares realizada no início de 2019, através de um aumento médio de 1,8%, sendo que nas principais rubricas esse aumento foi de 3%”.

Em relação às PPP, no Hospital de Braga No Hospital de Braga, os proveitos operacionais diminuíram em 21,6%, para 131,1 milhões de euros (oito meses de atividade). E, “desconsiderando o recebimento extraordinário de 13 milhões de euros, o Hospital de Braga terminou o ano de 2019 com proveitos operacionais de 118,1 milhões de euros, menos 29,4% face a 2018, como consequência da cessação da atividade no final de agosto”.

Ao nível de EBITDA, registou um valor de 12,2 milhões de euros, representando um aumento em 15,7 milhões de euros face a 2018.

Em Vila Franca de Xira, que também vai passar a ter gestão pública a partir de junho de 2021, verificou-se um aumento nos proveitos operacionais em 3,9% para 75 milhões de euros, “resultado do crescimento sustentado dos indicadores assistenciais”, contudo o EBITDA diminuiu 11,4%, para 6,2 milhões de euros.

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