É mais um sindicato descontente com a proposta do Governo para os aumentos salariais na função pública este ano. À saída da reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, o dirigente da FESAP, José Abraão, frisou: "a proposta que nos foi apresentada hoje fica muito aquém das expetativas".
O Governo convocou os sindicatos para nova ronda negocial apresentando uma proposta que, para além dos 0,3% de atualização salarial para todos os trabalhadores da Administração Pública, avança o valor de sete euros de aumento mensal para os dois níveis remuneratórios mais baixos na Administração Pública, ou seja, inferiores a 700 euros por mês.
Isto significa que estes trabalhadores - que, segundo o Governo, serão cerca de 150 mil - contarão com um aumento ligeiramente acima de 1%.
Em causa, tal como o Expresso já tinha avançado, estão, assim, aumentos mais expressivos para os dois escalões remuneratórios mais baixos da Administração Pública, abrangendo assistentes operacionais e assistentes técnicos que ganham até 683,13 euros brutos mensais.
José Abraão frisou, contudo, aos jornalistas que os 0,3% é um valor "completamente inaceitável" e que o valor adicional apresentado para os salários mais baixos "fica ainda mais aquém das expectativas".
O sindicalista destacou ainda que "não acredita" nos números apresentados pelo Governo de que este aumento adicional vai beneficiar 150 mil trabalhadores. E pediu ao Governo para que "com rigor e transparência dissesse objetivamente os números dos trabalhadores que poderão ser abrangidos".
Contabilizando o esforço adicional do Governo com esta medida em 17 milhões a 20 milhões de euros - apesar de o Governo não ter dado ainda números sobre o seu custo - José Abraão classificou o esforço como "pequeníssimo", dizendo que a proposta é "poucochinha", e "insuficiente".
A FESAP vai apresentar uma contraproposta ao Governo e "penso que poderá haver alguma abertura, ficámos com essa sensação", vincou José Abraão.
"Está nas mãos do Governo levar por diante a correção das injustiças na Administração Pública e a melhoria dos salários", enfatizou José Abraão. "Não nos empurrem para a rua", frisou.
Recorde-se que a FESAP foi uma das estruturas sindicais que aderiu à greve geral da função pública de 31 de janeiro. "A matriz da FESAP e da UGT é a negociação", afirmou José Abraão. "Perante o que o Governo colocar em cima da mesa em termos de compromisso sólidos, avaliaremos se se justifica ou não o desenvolvimento de formas de luta, que estão sempre em cima da mesa."
O Governo reúne ainda esta tarde com a Frente Comum, afeta à CGTP. E para a próxima segunda-feira, 17 de fevereiro, está agendada nova ronda negocial com os sindicatos da Administração Pública.
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