Economia

Com balcões do EuroBic, galegos do Abanca passam à frente de Banco CTT e Bankinter

Juan Carlos Escotet, presidente e acionista do Abanca; Fernando Teixeira dos Santos, presidente executivo do EuroBic; Francisco Botas, presidente executivo do Abanca
Juan Carlos Escotet, presidente e acionista do Abanca; Fernando Teixeira dos Santos, presidente executivo do EuroBic; Francisco Botas, presidente executivo do Abanca
DR

Espanhóis ganham força no sector bancário português com aquisição do EuroBic. Volume de negócios do Abanca cresce 14% com banco português. Acionista e presidente do banco sublinha "boa capilaridade" da rede

Com balcões do EuroBic, galegos do Abanca passam à frente de Banco CTT e Bankinter

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Abanca, grupo bancário com sede na Galiza, Espanha, consegue subir dois patamares no que diz respeito à rede de balcões quando concretizar a compra do EuroBic. Juntos, os dois bancos ficam acima do espanhol Bankinter e também superam o número de agências do Banco CTT.

A sucursal do Abanca em Portugal conta, atualmente, com 70 pontos de venda, na sua maioria agências tradicionais adquiridas ao Deutsche Bank, mas a sua presença física vai aumentar.

Esta segunda-feira, o grupo liderado e detido por Juan Carlos Escotet anunciou o entendimento para a compra de 95% do português EuroBic, por um preço não revelado. O EuroBic, atualmente comandado por Fernando Teixeira dos Santos, tem cerca de 180 agências.

O conjunto das redes físicas dos dois bancos ascende, assim, a 250 unidades dispersas pelo país. Como o Expresso escreveu este fim-de-semana, esta soma permitirá ao Abanca estar presente em todos os distritos do país, o que não acontece atualmente (não está, por exemplo, em Viana do Castelo, o distrito mais próximo da Galiza).

“Agregamos uma rede bastante densificada, com boa capilaridade, que vai estar presente em todo o Portugal”, sustentou Juan Carlos Escotet, em declarações aos jornalistas esta segunda-feira.

Com este número, o Abanca conseguirá ter mais balcões espalhados pelo país do que o também espanhol Bankinter, que, segundo dados da Associação Portuguesa de Bancos (APB) relativos ao final de junho de 2019, tinha 81 agências. O mesmo acontece com o Banco CTT, disperso por 212 balcões, de acordo com a mesma fonte.

Na liderança no que aos balcões diz respeito continuam a estar o grupo Crédito Agrícola, seguido da Caixa Geral de Depósitos, do Santander e do Banco Comercial Português. Novo Banco, BPI e Montepio completam a lista.

Volume de negócios cresce 14%

Com a compra do EuroBic – que ainda tem de esperar pela auditoria aprofundada feita pelos galegos, bem como pelas autorizações dos supervisores –, o Abanca consegue também um crescimento de 14% do volume de negócios (soma de crédito e depósitos).

O grupo espanhol “gere um volume de negócio de 85.079 milhões de euros, 36.792 milhões em créditos e 48.286 milhões em recursos de clientes”. Já “o EuroBic gere um volume de negócio de 11.700 milhões de euros, uma carteira de crédito de 5.199 milhões de euros, e depósitos de 6.148 milhões de euros”. Juntos, passam a ter um volume de negócios de 96.770 milhões de euros.

Com estes números, Escotet considera estar a ser dado "um salto importante em volume de negócios", conseguindo chegar a um valor que assegura o mínimo de escala para ser rentável e sustentável. "É uma operação com todo o sentido estratégico", disse aos jornalistas, citado num vídeo colocado no site do Abanca, frisando que consegue assim ser um banco ibérico.

Espanhóis e chineses ganham peso a angolanos

Os espanhóis ganham, assim, mais peso no sector bancário português. Controlam o Santander e o BPI (que pertence ao CaixaBank), bem como o Bankinter e o BBVA, que tem perdido peso nos últimos anos). Quando concretizar a compra, também passam a ter a principal palavra no EuroBic.

De saída está o capital angolano, com Isabel dos Santos a desfazer-se dos 42,5% que tem no banco – tinha sido também já aos espanhóis do CaixaBank que alienou a sua participação no BPI, em 2017. O seu sócio Fernando Teles, com 37,5%, também irá vender a sua posição no EuroBic.

A filha do ex-presidente de Angola não é a única empresária ligada à economia angolana a sair da banca portuguesa. O banco de nicho BNI Europa, que é detido pelo angolano BNI, que tem o ex-vice-governador do Banco Nacional de Angola Mário Palhares como principal rosto, está a ser vendido ao grupo chinês KWG – King Wai Group.

Também o Atlântico Europa, está a mudar de mãos. Está a sair da esfera do Atlantico Financial Group, ligado a Carlos Silva, para passar ao grupo de Hong Kong Well Link.

O BCP é o banco em que o capital angolano ainda se mantém: a Sonangol é dona de cerca de 20% do banco, sendo que o grupo chinês Fosun é o principal acionista, com 27%.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate