Economia

Vieira Lopes. “As 35 horas rebentaram com muitos serviços públicos”

João Vieira Lopes, presidente da CCP
João Vieira Lopes, presidente da CCP
Foto Nuno Botelho

Presidente da Confederação do Comércio e Serviços defende, em entrevista conjunta ao Negócios e à Antena 1, que a conciliação trabalho família não implica redução de horários e diz que a redução de horário nos serviços públicos foi um “erro estratégico”

Vieira Lopes. “As 35 horas rebentaram com muitos serviços públicos”

Cátia Mateus

Jornalista

"Qualquer pessoa com um mínimo de experiência de gestão percebe que quando o Governo passa de 40 horas para 35 reduz 14% o número de horas. Assim, mesmo que a produtividade dos serviços públicos aumente 2% ou 3% quer dizer que 10% desse trabalho ou é pago em horas extra ou em contratação de pessoal. Por isso é que os serviços públicos, muitos deles, rebentaram". Este é um dos argumentos de peso de João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços (CCP), para considerar que há outras vias, além da redução de horários, para promover a conciliação entre trabalho e família.

Numa entrevista conjunta ao Negócios e à Antena 1, o presidente da CCP, reforçou que no caso dos serviços públicos a redução de horários revelou-se "um erro estratégico do Governo". Para João Vieira Lopes, "a heterogeneidade do tecido económico e dos sectores em si leva a que tenhamos muitas dúvidas que, por decreto, se possam, definir essas questões".

Apesar disso reconhece que quer a redução de horários quer a semana de quatro dias são possibilidades em cima da mesa. "Os horários vão ter tendência a diminuir a prazo, mas nada nos garante que se de repente fizéssemos isso que o número de empresas que encerrasse fosse enorme", explica.

O presidente da CCP diz ainda não ver "espaço para fazer acordo de salários em 2020". Recorde-se que, em entrevista recente ao Expresso, João Vieira Lopes já se tinha manifestado "cético" em relação a um acordo para o salário mínimo. O líder da CCP volta agora a defender que "definir plafonds de crescimento salarial transversais é extremamente difícil" reforçando que "já para o salário mínimo é complexo, quanto mais para toda a economia". João Vieira Lopes realça que a confederação vê "muita dificuldade em definir valores mínimos", embora reconheça que a CCP pode discutir com o Governo "metodologias e critérios".

Vieira Lopes admitiu ainda ter a expectativa de conseguir alterações no orçamento, durante a sua discussão na especialidade. Recorde-se que em 2019, foi na discussão na especialidade que conseguiu apoio para travar a subida das tributações autónomas e eliminar o Pagamento Especial por Conta. Agora espera conseguir apoio em medidas que vão ao encontro das necessidades das empresas em áreas de formação e qualificação, mas também sobre as garantias dos contribuintes.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmateus@expresso.impresa.pt

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