20 janeiro 2020 10:37
João Vieira Lopes, presidente da CCP
foto nuno botelho
Presidente da Confederação do Comércio e Serviços defende, em entrevista conjunta ao Negócios e à Antena 1, que a conciliação trabalho família não implica redução de horários e diz que a redução de horário nos serviços públicos foi um “erro estratégico”
20 janeiro 2020 10:37
"Qualquer pessoa com um mínimo de experiência de gestão percebe que quando o Governo passa de 40 horas para 35 reduz 14% o número de horas. Assim, mesmo que a produtividade dos serviços públicos aumente 2% ou 3% quer dizer que 10% desse trabalho ou é pago em horas extra ou em contratação de pessoal. Por isso é que os serviços públicos, muitos deles, rebentaram". Este é um dos argumentos de peso de João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços (CCP), para considerar que há outras vias, além da redução de horários, para promover a conciliação entre trabalho e família.
Numa entrevista conjunta ao Negócios e à Antena 1, o presidente da CCP, reforçou que no caso dos serviços públicos a redução de horários revelou-se "um erro estratégico do Governo". Para João Vieira Lopes, "a heterogeneidade do tecido económico e dos sectores em si leva a que tenhamos muitas dúvidas que, por decreto, se possam, definir essas questões".
Apesar disso reconhece que quer a redução de horários quer a semana de quatro dias são possibilidades em cima da mesa. "Os horários vão ter tendência a diminuir a prazo, mas nada nos garante que se de repente fizéssemos isso que o número de empresas que encerrasse fosse enorme", explica.
O presidente da CCP diz ainda não ver "espaço para fazer acordo de salários em 2020". Recorde-se que, em entrevista recente ao Expresso, João Vieira Lopes já se tinha manifestado "cético" em relação a um acordo para o salário mínimo. O líder da CCP volta agora a defender que "definir plafonds de crescimento salarial transversais é extremamente difícil" reforçando que "já para o salário mínimo é complexo, quanto mais para toda a economia". João Vieira Lopes realça que a confederação vê "muita dificuldade em definir valores mínimos", embora reconheça que a CCP pode discutir com o Governo "metodologias e critérios".
Vieira Lopes admitiu ainda ter a expectativa de conseguir alterações no orçamento, durante a sua discussão na especialidade. Recorde-se que em 2019, foi na discussão na especialidade que conseguiu apoio para travar a subida das tributações autónomas e eliminar o Pagamento Especial por Conta. Agora espera conseguir apoio em medidas que vão ao encontro das necessidades das empresas em áreas de formação e qualificação, mas também sobre as garantias dos contribuintes.